Rio
PUBLICIDADE
Por e — Rio de Janeiro

O prefeito Eduardo Paes se reuniu neste domingo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para discutir os detalhes do processo de transferência do Hospital Federal do Andaraí para o município, que começa hoje. Ao longo desta semana, as equipes técnicas vão acertar como será a gestão compartilhada pelos próximos 90 dias. Elas deverão chegar a um acordo sobre o orçamento e a gestão de pessoal. Como está previsto na portaria publicada na última sexta-feira, a União vai ceder o uso de bens móveis e imóveis, além de disponibilizar os servidores federais. Ao fim do período de transição, que poderá ser estendido, a prefeitura assumirá toda a administração do Andaraí. Também está sendo negociada a descentralização dos outros cinco hospitais gerais federais no Rio.

Crise que se arrasta

Essa transferência acontece em meio a uma crise de gestão das unidades federais que se agravou no início deste ano. Fontes ligadas ao governo disseram ao GLOBO que a solução encontrada pelo ministério foi o “fatiamento” da rede. Está sendo negociada, por exemplo, a cessão do Hospital Federal da Lagoa para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O dos Servidores, no Centro, ficaria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que já administra hospitais universitários. A prefeitura estuda assumir ainda o Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, e o de Ipanema, na Zona Sul. Já o de Bonsucesso, na Zona Norte, ficaria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), do Rio Grande do Sul, entidade que administra unidades ligadas ao SUS. Os acordos ainda estão sendo elaborados.

O Hospital do Andaraí foi escolhido como o primeiro a ser transferido porque apresenta um cenário desafiador. Com apenas 55% dos seus 304 leitos ocupados, a unidade de média e alta complexidades está com a emergência fechada e obras inacabadas, como a do setor de radioterapia, além de uma greve de servidores há mais de 40 dias.

Ontem, quem esteve no setor de urgência do Andaraí foi orientado a procurar o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Um funcionário avisava que “só se estiver morrendo” conseguiria ser atendido. Há uma semana, a vendedora Maria do Rosário, de 34 anos, divide seu tempo entre o trabalho e o hospital, onde o pai dela está internado com uma infecção no estômago. Ele conseguiu um leito, segundo ela, após desmaiar na recepção.

— Meu pai chegou aqui passando muito mal. Estava com febre e muita dor. Ele não conseguia comer e chorava muito. Mesmo assim, disseram que a emergência estava fechada e que eu deveria procurar outra unidade. É cruel termos que nos humilhar para conseguir atendimento. Não deveria ser assim. Se demorasse um pouco mais, meu pai poderia ter morrido — lamentou a vendedora.

O Andaraí já chegou a ter mais de 400 leitos abertos. Para aumentar o número de atendimentos, seria necessária a contratação de dois mil funcionários. Agora, a gestão de pessoal será feita pela Rio Saúde, empresa da prefeitura. Essa não é a primeira vez que o hospital é cedido ao município. A unidade chegou a ficar sob gestão da prefeitura do Rio, mediante Termo de Cessão de Uso assinado em 1999, mas retornou à esfera federal no terceiro trimestre de 2005, porque os recursos acordados não foram transferidos. Na lista também estavam o Ipanema, o Lagoa e o Cardoso Fontes, todos devolvidos.

A medida do Ministério da Saúde não agradou aos servidores do Andaraí, que marcaram para hoje um ato contra a municipalização na porta do hospital. Em nota, a Secretaria municipal de Saúde afirmou que, “ao longo dos próximos dias, os últimos detalhes e as metas da contratualização serão definidos e comunicados”. E ressaltou que a parceria entre o ministério e a prefeitura “tem por objetivo a recuperação plena do hospital e reforçar a sua integração ao SUS”. Procurados, o Ministério da Saúde e o prefeito Eduardo Paes não se manifestaram.

(Colaborou Thomaz Rocha)

Mais recente Próxima Advogada é presa ao entrar com cinco quilos de drogas em presídio no Rio

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Mais do O Globo

Além das boas lembranças, podemos trazer inquilinos clandestinos como: bactérias, fungos, insetos e outros animais na bagagem

Voltou de viagem e vai desfazer a mala? Saiba por que você não deve fazer isso em cima da cama, segundo médicos

Sempre me pareceu muito mais difícil escrever para crianças, leitores terrivelmente atentos, inteligentes e implacáveis. Sei do que falo

Seleção do companheiro de chapa será uma das decisões mais importantes da democrata na corrida pela Casa Branca

Eleições nos EUA: Kamala deve escolher vice-presidente neste fim de semana; conheça os cotados

Britânico 'morreu' no exterior por menos de meia hora, mas sobrevive

Estudante universitário tem sensação de morte durante 25 minutos após queimadura de sol

Velejador, que estreia em Paris-2024 neste domingo, conta como conciliou medicina e kitesurf

Bruno Lobo: 'As dificuldades me davam mais força'

Iniciativa opositora de apresentar contagem paralela impede a legitimação de resultado oficial do conselho eleitoral; reversão, contudo, dependeria de pressão interna no país

Análise: Apesar de oposição mobilizar comunidade internacional contra Maduro após contagem de votos, desfecho depende de militares

Em 'Cabeça de galinha no chão de cimento', Ricardo Domeneck rememora figuras antigas, presentes em seu imaginário, para parar o tempo

Crítica: poeta volta à infância no interior para espiar paisagens esquecidas e rever pequenos pavores

Segundo os cientistas, além de um maior conhecimento sobre o planeta, o estudo permite também lançar luz sobre a evolução planetária e a estrutura interna de exoplanetas com características semelhantes

Mercúrio pode esconder camada de diamantes de até 18 km de espessura sob a superfície, aponta pesquisa

Para combater a doença grave, é vital oferecer todas as opções de tratamento, inclusive tecnológicas

Por que a insuficiência cardíaca é uma das principais causas de mortalidade