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GERADO EM: 12/07/2024 - 02:30

Manto tupinambá repatriado: reencontro com ancestralidade

Um manto Tupinambá sagrado foi repatriado da Dinamarca para o Brasil após manifestação espiritual. O Museu Nacional irá expor a peça em agosto, com cuidados especiais de conservação. A cerimônia de abertura respeitará as tradições indígenas. A repatriação é parte de um esforço multidisciplinar e representa um reencontro importante com a cultura ancestral brasileira.

Cercado de mistério, um símbolo da cultura tupinambá chegou ao Brasil nesta semana e já compõe o acervo do Museu Nacional. O Manto Tupinambá, de 335 anos de existência, é uma herança dos povos que habitavam a costa do Brasil na época do descobrimento e estava desde o século XVII no Nationalmuseet, em Copenhague, na Dinamarca.

Culturalmente, para os tupinambás, o manto feito com penas de pássaros guarás — ave com plumagem na coloração vermelha — é como um ancião multicentenário; não apenas um objeto sagrado. Glicéria Tupinambá, antropóloga em formação e artista plástica que há anos visitou e “escutou” mantos de seu povo expostos em museus da Itália, da Suíça e da Bélgica, explica que a figura encantada faz manifestações para indígenas com mediunidade:

— Ele está no lugar de um ancestral, tem espiritualidade. A própria possibilidade de retorno do manto ao Brasil se deu através de uma escuta (uma espécie de consulta espiritual). Nesta manifestação, ele pediu ao que o Cacique Babau (Rosivaldo Ferreira da Silva) que fizesse uma carta solicitando a volta ao país.

Detalhe do manto tupinambá que a Dinamarca devolveu ao Brasil — Foto: Museu Nacional da Dinamarca/ Divulgação
Detalhe do manto tupinambá que a Dinamarca devolveu ao Brasil — Foto: Museu Nacional da Dinamarca/ Divulgação

Desde a manifestação espiritual até a chegada ao Brasil, dois anos se passaram. Nesta quinta-feira, nas redes sociais, outros integrantes do Povo Tupinambá de Olivença, na Bahia, alegraram-se com a chegada do manto sagrado, mas se frustraram em seguida porque não puderam colocar em prática os rituais necessários para recebê-lo:

“O manto retornou para nós, mas ainda não foi recepcionado pelo nosso povo de acordo com nossas tradições. Este manto de mais de 300 anos é um ancião sagrado que carrega consigo a história e a cultura de nosso povo (...) Reiteramos firmemente que nossa relação com o manto deve ser respeitada”, diz um trecho do pronunciamento, que continua “É essencial que todas as decisões futuras sobre o manto e a cerimônia de abertura respeitem os acordos estabelecidos e reconheçam a importância deste sagrado para nosso povo”.

Até o momento, o item é o único dos dez espalhados pela Europa a voltar para o Brasil. A repatriação representa uma empreitada multidisciplinar que envolveu representantes do governo, de povos originários tupinambás, do ministério das Relações Exteriores, da embaixada brasileira na Dinamarca e do Museu Nacional, comandado pela UFRJ.

— Para nós, a chegada do manto é uma alegria enorme. Sabemos que é sagrado para os povos originários e pretendemos apresentá-lo tão logo tenhamos oportunidade para a população — diz Roberto Medronho, reitor da UFRJ.

Segundo O GLOBO apurou, a previsão é de que a peça seja exposta já no próximo mês, quando deve ser realizado um evento com a presença dos Tupinambá e autoridades. Enquanto isso, o Manto Tupinambá está guardado sob cuidados, já que pode sofrer degradação se não for exposto à iluminação adequada, à climatização e se a sala não tiver controle da umidade, como reforça Medronho:

— Ele precisa uma ambientação muito específica e também não pode ser exposto sem uma condição adequada. Estamos em contato com o Ministério dos Povos Indígenas justamente para ter todo esse cuidado.

O Museu Nacional emitiu um comunicado confirmando a chegada do objeto e informando que os povos indígenas serão respeitados: “Queremos organizar a apresentação com todo cuidado e respeito aos saberes dos povos indígenas, com quem estamos trabalhando em harmonia e contato direto”.

Na nota, a Dinamarca também foi citada, em agradecimento, “pela confiança na reconstrução” do Museu Nacional, que aliás, vem empenhando esforços para que outras nações façam doações. O Museu Histórico da França foi um dos que já doou. Em 2024, chegou ao Brasil uma réplica de celacanto, peixe considerado internacionalmente uma “obra-prima da evolução” e cujos ancestrais de mais de 360 milhões de anos atrás.

Diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner diz que a réplica de peixe deve ser exposta em breve:

— Em agosto, o Museu terá um Centro de Exposição. E essa é uma das principais peças a serem expostas nele. Em seguida, em setembro, vão acontecer as comemorações do início da reconstrução do museu.

Museu Nacional foi consumido por um incêndio em 2018 — Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Globo / 02-09-2018
Museu Nacional foi consumido por um incêndio em 2018 — Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Globo / 02-09-2018

Há ainda a possibilidade de a China doar fósseis numa empreitada rara, ainda dependente de articulações políticas.

— Seria maravilhoso fazer o anúncio no G20 — diz Kellner, que fala com cautela sobre a promessa de abertura parcial do Museu Nacional para 2026: — Sem ajuda substancial de ordem financeira e política do governo federal, eu me preocupo se esta será uma data viável.

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