Vítima de acidente durante o trabalho, na quarta-feira, em Mangaratiba, na Costa Verde, o carpinteiro e auxiliar de serviços gerais Vitor Soares do Nascimento, de 28 anos, passou por cirurgia no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para a retirada de uma estaca de madeira que ficou cravada em sua cabeça — 6 centímetros da peça penetraram em seu crânio. Uma nova cirurgia deve ser feita no futuro, para a colocação de prótese no local onde o osso foi perdido. Com o impacto, parte do crânio foi quebrada, e fragmentos foram retirados.
— Ele vai continuar internado, acredito, algumas semanas. E a gente vai dar todo o suporte. Até mesmo para reconstrução da calota craniana. Porque a estaca ali na cabeça, na parte frontal do paciente, fez uma cratera — disse o diretor-geral da unidade, Thiago Resende.
![Estaca atinge lobo frontal do pedreiro Vitor Soares do Nascimento — Foto: Editoria de Arte](https://s2-oglobo.glbimg.com/8DgTnJ9Xn2Ne_bbCTr0C8qopsA0=/0x0:649x625/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/a/J/2mNBgLRmOznHwotNQtdQ/cerebro-lobo-frontal.jpg)
A agilidade no atendimento foi fundamental: os primeiros socorros aconteceram no local. Uma equipe do Samu o atendeu e o encaminhou para o Hospital Municipal Victor de Souza Breves no município, com transferência quase imediata, de helicóptero, para o Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes. Vitor chegou lúcido e falando, às 14h53.
— O paciente fez esse trauma de crânio lá em Mangaratiba. Foi prontamente atendido lá. Ele veio de helicóptero dos bombeiros até o nosso hospital. Chegou aqui, a equipe toda já estava à disposição, sabendo do caso. Foi feita a tomografia em tempo rápido e a sala de centro cirúrgico já estava pronta. Ele foi levado, e a cirurgia foi um sucesso — disse ontem o cirurgião Vinicius Zogbi, chefe de neurologia do hospital.
A área atingida foi o lobo frontal direito, responsável pelas emoções. Após quatro horas de intervenção, Vitor passou para o CTI. Apesar de o quadro ser considerado “potencialmente grave”, ele está lúcido, fala, não mostra danos na memória e consegue responder a perguntas simples, como o próprio nome, a idade e a data, além de mostrar mobilidade nos quatro membros. Vitor passou por novos exames na manhã de ontem, menos de 24 horas depois do acidente, e os resultados foram considerados satisfatórios, de acordo com Vinicius Zogbi.
Durante o expediente na empresa Casa Trevo Madeiras, onde é auxiliar de capintaria, Vitor manejava uma serra circular de bancada, cortando madeira, quando uma ripa bateu no equipamento em movimento e foi projetada em sua direção.
— Ele caiu, tentou se levantar, e foi contido pelo proprietário, que estava próximo e o viu caído. Fez a menção de tirar a estaca da cabeça também — conta Flávio Prado, advogado da empresa, antes de destacar que os funcionários recebem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mas, neste caso, o aparato talvez não fosse suficiente para evitar o ferimento.
![O pedreiro Vitor Soares do Nascimento teve uma estaca cravada na cabeça quando trabalhava numa obra — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/Xo9OAoSDQHiy6IwWgCz-VeF6vV4=/0x0:1080x1455/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/O/p/jOIosKTpK2fesw5YfBeQ/ferido-com-blur.jpeg)
Anderson Costa, que estava presente no momento do acidente, conta que o colega, de fato, não usava proteção:
— Nós estávamos serrando uma madeira em cima de uma lâmina, ele se descuidou e ela veio para cima dele. Quando eu vi a cena, fiquei desesperado. A minha primeira reação foi correr para o Corpo de Bombeiros (que, para a sorte de Vitor, fica perto da empresa). Ele desmaiou, mas depois recuperou a consciência.
Na chegada ao Adão Pereira Nunes, um dos cuidados foi evitar infecção.
— Foi drenada a contusão, removida a estaca e feita a lavagem exaustiva da cavidade, por se tratar de material contaminado. O paciente, logo após o procedimento, conseguiu ser extubado — disse Vinicius Zogbi. — Os bombeiros sabem muito bem fazer os primeiros socorros com algum material perfurocortante fixado no corpo do paciente. O ideal é que não se tente retirar, que ele seja encaminhado ao hospital com esse material. Tanto é que quando começa a cirurgia, a gente não retira em sala também. A gente faz uma craniotomia, abre em volta do crânio e aí, a partir do momento que tem toda a visualização de onde ele está encostado, é que a gente consegue fazer a remoção — acrescentou o cirurgião.
Flávio Prado, advogado da Casa Trevo Madeiras, afirma que a empresa está prestando toda assistência à família e que nos próximos dias vai reunir a documentação para o Ministério do Trabalho, por se tratar de um acidente, e para o INSS, para o afastamento durante o tratamento e a recuperação.
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