Rio
PUBLICIDADE
Por e — Rio de Janeiro

Sérgio Cabral, pai, foi velado nesta segunda-feira na sede náutica do Vasco, na Lagoa, Zona Sul pelo filho, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, além de outros parentes, políticos e personalidades. A despedida do escritor, com um currículo de mais de 15 livros sobre a música brasileira, foi embalada por canções como "Meninos da Mangueira'', que compôs com Rildo Hora, e o hino do Vasco da Gama. O corpo estava coberto pelas bandeiras de seu time do coração, das escolas de samba Portela, Mangueira e Em Cima da Hora (que o homenageou com enredo, em 1997), além do bloco Simpatia É Quase Amor. A cremação foi no começo da tarde, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária em cerimônia reservada à família.

O gurufim", cerimônia fúnebre em que as pessoas cantam e dançam para se despedir do ente querido, foi acompanhado por integrantes da Mangueira e por personalidades como o ator Antônio Pitanga e sua companheira, a deputada Benedita da Silva (PT), o sambista Paulinho da Viola e o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, entre outros. O acompamhmento ficou por conta de um grupo de ritmistas da Mangueira.

Velório do jornalista Sérgio Cabral tem gritos de 'Vasco' e samba

Velório do jornalista Sérgio Cabral tem gritos de 'Vasco' e samba

O ex-governador Sérgio Cabral, que chegou cedo à sede náutica do Vasco, assim como a viúva Magaly, sua mãe, destacou a importância do pai para a cultura.

— Ele apresentou a burguesia carioca a artistas populares na década de 60 e 70 que ninguém conhecia, como Cartola, Nelson Cavaquinho, Candeia e Clementina de Jesus. Dirigiu shows antológicos com João Nogueira e Beth Carvalho, produziu discos maravilhosos e mais recentemente fez talvez o último grande trabalho que foi o musical "Sassaricando — E o Rio inventou a marchinha"", que ficou dez anos em cartaz, com a Rosa Maria Araújo, e realmente foi marcante — afirmou.

Paulinho da Viola disse que a morte de Sérgio Cabral, pai, é uma grande perda para a cultura. O sambista lembrou do encontro dos dois, durante a produção do show Sarau, de 1973.

— A gente fica muito triste em perder uma pessoa como ele. Eu tive a oportunidade de fazer com ele, em 1973, um show chamado Sarau, que nós consideramos também assim um marco, porque logo depois começou um movimento muito grande, retorno do choro, e eu acho que essa é uma contribuição que ele deu também. É uma grande perda para o samba em geral, para a cultura brasileira— lamentou o sambista.

Rosa Maria Araújo, que escreveu com Cabral o musical "Sassaricando — E o Rio inventou a marchinha" disse que o legado deixado pelo amigo deixa é o amor à cidade, à cultura e ao povo.

—Realmente era um apaixonado pelo Rio, pela música brasileira, especialmente pelo samba, pelo futebol, o vascaíno, um homem de muita vibração e as biografias dele, porque foi um jornalista de primeira, um escritor que tem biografias famosas, importantes, da Elizete (Cardoso), do Tom Jobim, do Ari Barroso, e Sérgio era um militante do Rio.

A escritora e pesquisadora Rachel Valença disse que conhecia Sérgio Cabral há 50 anos e destacou sua generosidade com os novos pesquisadores, como ela, na ocasião:

--Ele apontava o acervo dele para a gente pesquisar. Era um cara muito legal, muito acolhedor para os novos pesquisadores e estimulou muito a minha predileção pela pesquisa, meu amor pela pesquisa.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, destacou a importância de Sérgio Cabral para o jornalismo.

--Ele era, acima de tudo, jornalista. Era um jornalista. Evidente, que se dedicou à música popular, muito ligado ao samba, compositor, mas, acima de tudo, ele era um grande jornalista.

Carioca de Cascadura, vascaíno e grande entusiasta do samba, Sérgio Cabral criou, entre outras obras, o musical "Sassaricando - E o Rio inventou a marchinha", junto com a historiadora Rosa Maria Araújo. Como jornalista, foi um dos fundadores de "O Pasquim" e chegou a ser preso na ditadura devido à sua atuação no jornal. O jornalista morreu neste domingo após complicações de um enfisema pulmonar. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea. O ex-governador Sérgio Cabral deu a notícia nas redes sociais, neste domingo:

"Ele resistiu por 3 meses. Peço que orem por ele, pela alma dele. Por tudo o que ele fez no Rio de Janeiro e no Brasil. Pela música e pelo futebol, pela família linda que ele construiu", disse Cabral, o filho.

Como escritor, Sérgio Cabral, pai, publicou as biografias de Tom Jobim, Pixinguinha, Nara Leão, Grande Otelo, Ataulfo Alves e Elizeth Cardoso. Também já teve atuação política na capital fluminense. Por três vezes, foi vereador do Rio – de 1983 a 1993. Foi ainda conselheiro do Tribunal de Contas do Município, até 2007, quando se aposentou.

Antonio Pitanga, Benedita da Silva e Sérgio Cabral Filho velam Sérgio Cabral, pai — Foto: Ana Branco
Antonio Pitanga, Benedita da Silva e Sérgio Cabral Filho velam Sérgio Cabral, pai — Foto: Ana Branco

Mais sobre a carreira de Sérgio Cabral pai

Órfão de pai desde os 4 anos, começou sua carreira em 1957 como repórter policial do Diário da Noite, jornal vespertino dos Diários Associados. Em 1969, já como editor político do Última Hora, juntou-se a Jaguar e Tarso de Castro para a criação de O Pasquim. Durante a Ditadura, foi temporariamente preso por seu ativismo neste jornal.

Trabalhou como produtor musical entre 1973 e 1981. Como compositor, foi parceiro de Rildo Hora, escrevendo as letras de "Janelas Azuis", "Visgo de Jaca", "Velha-Guarda da Portela" e "Os Meninos da Mangueira", entre outras.

Mais recente Próxima Quem é o influenciador Vitor Vieira Belarmino, procurado por atropelar e matar homem que tinha acabado de se casar no Rio

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Mais do O Globo

Supremo Tribunal Federal reservou três semanas para ouvir 85 testemunhas de defesa de cinco réus, sendo que algumas são as mesmas, como os delegados Giniton Lages e Daniel Rosa, que investigaram o caso

Caso Marielle: audiência da ação penal contra irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa será retomada hoje pelo STF

A decisão do candidato da oposição de deixar a Venezuela por temer pela sua vida e pela da sua família ocorreu depois de ter sido processado pelo Ministério Público por cinco crimes relacionados com a sua função eleitoral

Saiba como foi a fuga de Edmundo González, candidato de oposição da Venezuela ameaçado por Nicolás Maduro

Cidade contabiliza 21 casos desde 2022; prefeitura destaca cuidados necessários

Mpox em Niterói: secretária de Saúde diz que doença está sob controle

Esteve por lá Faisal Bin Khalid, da casa real da Arábia Saudita

Um príncipe árabe se esbaldou na loja da brasileira Granado em Paris

Escolhe o que beber pela qualidade de calorias ou pelo açúcar? Compare a cerveja e o refrigerante

Qual bebida tem mais açúcar: refrigerante ou cerveja?

Ex-jogadores Stephen Gostkowski e Malcolm Butler estiveram em São Paulo no fim de semana e, em entrevista exclusiva ao GLOBO, contaram como foi o contato com os torcedores do país

Lendas dos Patriots se surpreendem com carinho dos brasileiros pela NFL: 'Falamos a língua do futebol americano'

Karen Dunn tem treinado candidatos democratas à Presidência desde 2008, e seus métodos foram descritos por uma de suas 'alunas', Hillary Clinton, como 'amor bruto'

Uma advogada sem medo de dizer verdades duras aos políticos: conheça a preparadora de debates de Kamala Harris

Simples oferta de tecnologia não garante sucesso, mas associada a uma boa estratégia pedagógica, mostra resultados promissores

Escolas desconectadas