Dois homens que fugiram de uma clínica de reabilitação chamada Projeto Decav (Deus Espera Com Amor Você) no bairro Campo Alegre, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, abordaram uma patrulha do programa Segurança Presente e denunciaram estar vivendo em condições de trabalho forçado e cárcere privado. Os homens contaram aos policiais que recebiam castigos físicos como tapas na cara em caso de tentativa de fuga ou recusa em trabalhar. Outra punição consistia em "orar 20 minutos a cada 1 hora durante toda a noite”. Os agentes foram ao local e resgataram 42 pessoas em condições descritas como desumanas.
Os policiais foram recebidos na instituição pelo suposto dono do projeto que autorizou a entrada dos agentes. Durante a inspeção, foi constatado que o local era insalubre e não havia profissionais capacitados para realizar o atendimento clínico para dependentes químicos. Nenhuma documentação capaz de comprovar a regularidade da instituição foi apresentada.
Segurança Presente resgata 42 pessoas de um suposto centro de reabilitação clandestino em Nova Iguaçu
O líder do projeto, identificado como Omar Bernardo da Costa, de 57 anos, e outros três pacientes — Wagner de Oliveira, 34 anos; Paulo Roberto Cabral Vacani, 55 anos; e Elias Custódio dos Reis, 32 anos — que supostamente atuavam como vigias do abrigo foram encaminhados à 52ª DP (Nova Iguaçu) e detidos pelo crime de cárcere privado. A Delegacia de Assistência Social da Prefeitura de Nova Iguaçu foi acionada, e o caso foi encaminhado ao Ministério Público. Foram apreendidos três rádios comunicadores e alguns cadernos de anotações.
Das 42 pessoas encontradas na clínica clandestina, 36 foram levadas, temporariamente, para um abrigo da prefeitura de Nova Iguaçu. Outras seis foram encaminhadas para suas famílias.
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Os dois homens que abordaram a equipe do Nova Iguaçu Presente disseram ter fugido do local no sábado, dia 20 de julho. Eles afirmaram ainda que estavam sendo seguidos pelo responsável pelo projeto que, segundo eles, costuma andar armado.
No local, os policiais ouviram diversos relatos das vítimas indicando que os internos sofriam maus-tratos e exploração de trabalho, sendo obrigados a realizar atividades sem remuneração, recebendo apenas moradia e alimentação. Alguns internos foram levados para o Decav pela própria família, enquanto outros foram voluntariamente ao local, mas, após a entrada, não puderam mais sair.
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