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Por O Globo — Rio de Janeiro

Uma rotina que envolve muito medo, noites em claro e o direito de ir e vir ameaçado. Assim vivem moradores de comunidades que travam uma guerra por territórios na Zona Norte que, até esta quarta-feira, provocou pelo menos nove intensos tiroteios e deixou cinco pessoas feridas — entre elas, dois policiais da Força Nacional de Segurança. De um lado, está o Complexo de Israel e, de outro, as comunidades Quitungo e Guaporé. Os confrontos intensos — que ocorrem não só entre as quadrilhas rivais, mas também com a polícia, que faz operações nos locais — afetam não só quem mora nessas regiões, mas também quem passa por vias expressas próximas, como a Avenida Brasil, a Rodovia Washington Luiz e a Linha Vermelha.

Nesta quarta-feira a Polícia Militar realizou operação nas comunidades do Quitungo, Guaporé e Tinta, todas na Zona Norte. De acordo com a PM, foram desobstruídas 11 vias de acesso só na comunidade do Quitungo, em Brás de Pina, com o recolhimento de cerca de 5 toneladas de material usado para formar barricadas. Duas valas também foram fechadas.

A PM realizou outra operação nas comunidades da Fé/Sereno, Ipase e Morro do Trem e Juramentinho, também na Zona Norte, com o objetivo de recuperar veículos roubados e clonados, além de desobstruir vias com a retiradas de barricadas. Durante a ação, um PM foi ferido sem gravidade por um tiro de raspão no braço direito. Ele foi socorrido no local e está fora de perigo.

No dia 5 de julho, de acordo com relatos de moradores, traficantes do Complexo de Israel — formado pelas comunidades Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas e Pica-pau —, chefiados por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, e ligados ao Terceiro Comando Puro (TCP), tentaram invadir o Quitungo e o Guaporé, região que, segundo a polícia, é controlada por Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, e ligada ao Comando Vermelho (CV). Na ocasião, segundo relatos de moradores, houve intenso confronto, que incluiu o uso de balas traçantes.

O local onde há uma guerra entre facções rivais — Foto: Editoria de Arte
O local onde há uma guerra entre facções rivais — Foto: Editoria de Arte

Três dias depois, a Polícia Militar fez uma operação no Complexo de Israel. A ação ocorreu após boatos de que Peixão teria ordenado o fechamento de igrejas católicas na região, o que foi negado pela Secretaria estadual de Segurança Pública.

Na madrugada entre os dias 19 e 20, mais uma intensa troca de tiros foi registrada no Quitungo, em mais uma tentativa de invasão. Durante toda a noite, bandidos se enfrentaram. Um morador ficou ferido. A circulação dos trens foi afetada. A Polícia Militar fez um reforço de policiamento no entorno da comunidade.

— Quando tem uma noite inteira de tiroteio é o pânico máximo. É tiro, explosão de bomba. Guerra mesmo. A gente não dorme, as crianças ficam apavoradas e fica todo mundo deitado no chão do banheiro, porque lá a janela é pequena e o risco de uma bala atingir, menor — contou um morador da região, que vive com a esposa e os três filhos do casal.

Na madrugada seguinte, entre os dias 20 e 19, os moradores do Quitungo voltaram a acordar com sons de disparos em mais um capítulo da guerra entre o TCP e o CV.

Na manhã do dia 22, a Polícia Militar voltou ao Complexo de Israel. Houve um intenso tiroteio que fechou a pista sentido Centro da Avenida Brasil por duas vezes. Passageiros de um ônibus que passava pela via expressa entraram em pânico, motoristas deixaram seus carros e se deitaram no chão para se protegerem e ruas próximas ao conjunto de favelas foram bloqueadas com veículos.

À noite, a região foi palco de novo tiroteio: traficantes abriram fogo contra agentes da Força Nacional de Segurança que entraram por engano em Vigário Geral. Um policial foi balado de raspão na cabeça e outro foi ferido por estilhaços. Os dois foram socorridos por equipes da Polícia Rodoviária Federal. A PM voltou ao conjunto de favelas na manhã seguinte.

No dia 29, uma ação da Polícia Civil para interceptar um "bonde" que saía do Morro do Quitungo e seguiria para o Morro da Caixa D'Água, localizado na Penha e também dominado pelo CV, resultou numa troca de tiros que deixou duas pessoas baleadas. De acordo com informações de investigadores, Belão e outros 13 bandidos, divididos entre quatro carros, estavam no comboio. O chefe do tráfico no Quitungo conseguiu fugir.

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