A médica agredida pelo namorado em Copacabana, na Zona Sul do Rio, escapou do cárcere privado em que foi mantida no próprio apartamento com ajuda da tampa de uma caneta. A médica relatou ao RJ2, da TV Globo, que ao sair do cômodo onde foi trancada após as agressões, pediu ajuda ao porteiro, ligou para uma amiga e foi levada para o Copa D'or. Ela passou por cirurgia e está há 11 dias internada se recuperando das lesões. João Phelippe de Souza Melo, de 40 anos, foi preso na última terça-feira.
— Eu vi a morte. Ele me bateu muito. Quando viu que eu estava desacordada, ele me jogou dentro do banheiro de visita da minha casa e trancou por fora. Eu juro, eu não sei como eu abri aquela porta. “MacGyver”, uma tampinha de caneta — relembra.
O relacionamento, segundo a médica, era conturbado. O casal terminava e reatava com frequência e fazia dez dias que eles voltaram a morar juntos na cobertura dela.
— Toda vez que nós brigávamos, eu botava ele para fora. Ele vinha, pedia perdão, chorava, eu deixava ele voltar. A gente vai pelo coração, não vai pela razão. Durante esses quatro dias eu falei “não volto, não volto”. Eu não acreditava que ele ia fazer isso. Se não, não tinha levado ele para casa. O que eu passei não desejo para o meu pior inimigo — relatou a médica ao RJ2.
Vítima de violência doméstica, ela lamenta o que vivenciou e faz um alerta para outras mulheres:
— Na primeira agressão, larga. O negócio só tende a piorar — disse.
Relembre o caso
A agressão aconteceu na madrugada do dia 13 de julho, na cobertura em que a vítima mora, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. A médica e perita tem 54 anos e foi espancada pelo ex-namorado, com socos, chutes e puxões de cabelo até desmaiar. O espancamento causou traumatismo craniano, fraturas na face e nas costas. A informação consta no despacho da juíza Daniella Alvarez Prado, do 1º Juizado de Violência Doméstica Familiar contra a Mulher, que decretou no dia 25, a prisão preventiva de João Phelippe de Souza Melo, de 40 anos. Ele foi preso, nesta terça-feira, escondido na casa da mãe, em Campo Grande, na Zona Oeste da capital.
A decisão informa ainda que João Phelippe trancou a vítima no banheiro, após o espancamento, fugindo em seguida com uma quantidade de joias, relógios e outros bens. "Com efeito, a vítima teria sido agredida, brutalmente, pelo autor do fato por meio de socos, chutes e puxões de cabelo, que lhe gerou várias fraturas na face, além de ter sido subtraída uma quantidade significativa de joias, relógios, dentre outros bens dela, e ter sido mantida em cárcere privado, ao trancá-la no interior do banheiro de sua própria residência, a fim de se evadir do local com os bens subtraídos, o que denota a gravidade dos fatos relatados", escreveu a juíza, em um trecho do despacho em decretou a prisão preventiva do ex-namorado da médica.
Por causa das lesões, a vítima precisou passar por um procedimento cirúrgico no maxilar. Na decisão que em decretou a prisão preventiva do acusado, a juíza expediu ainda medidas protetivas para a médica, proibindo que João Phelippe se aproxime dela, devendo manter uma distância mínima de 250 metros. Ele também está proibido de frequentar a casa da perita.
Bens roubados no valor de R$ 40 mil
A sessão de espancamento ocorreu após uma discussão entre João Phelippe a vítima. Bastante machucada, a médica se trancou num banheiro. Após o suspeito fugir com as chaves, deixando-a trancada, a vítima ligou para um porteiro, que chamou um chaveiro. De acordo com a 13ª DP, os bens levados pelo acusado estão avaliados em torno de R$ 40 mil.
Ainda segundo a polícia, o preso responderá por crimes de roubo, sequestro e cárcere privado, lesão corporal gravíssima e violência doméstica contra mulher. A médica segue internada no Hospital Copa D'Or, em bom estado de saúde e sem previsão de alta.
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