O miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, será ouvido como testemunha na ação penal do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Curicica já fez acusações contra o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, um dos réus no caso.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para ocorrer entre os dias 12 e 16 de agosto o depoimento de oito pessoas apontadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como testemunhas. Também serão ouvidos o secretário municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro, Brenno Carnevale, dois delegados da Polícia Federal (PF) e um ex-assessor de Marielle.
Ainda vão prestar depoimento a ex-assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu ao crime e será ouvida como testemunha, e os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que fecharam acordos de delação premiada e confessaram sua participação no crime.
São réus no caso, pela suspeita de terem ordenado o crime, o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa. Eles negam as acusações.
Em 2018, em depoimento ao Ministério Público realizado na penitenciária federal de Mossoró (RN), Orlando Curicica acusou Rivaldo Barbosa de receber propina para sabotar investigações. O depoimento ocorreu após o próprio Curicica ter sido apontado como responsável pelo assassinato — depois, a PF apontou que uma testemunha foi plantada para atrapalhar a investigação.
Na época, o miliciano questionou se as promotoras que o ouviam estavam dispostas a prender Rivaldo, então chefe de polícia, pois, segundo ele, seria isso que aconteceria se elas começassem a puxar o fio do Caso Marielle.
— A senhora sabe que vai ter que prender o chefe de polícia? — perguntou Curicica.
Também em 2018, em entrevista ao GLOBO, Curicica reforçou as acusações e disse que Rivaldo teria montado uma rede de proteção a membros da contravenção envolvidos em assassinatos. Na época, o delegado afirmou que repudiava a "tentativa de um miliciano altamente perigoso" de "colocar em risco uma investigação que está sendo conduzida com dedicação e seriedade".
Já Brenno Carnavale, que é delegado da Polícia Civil, relatou ao MP suspeitas de interferência por parte de Rivaldo em dois casos: os assassinatos do ex-presidente da Portela Marcos Falcon, em 2016, e de Haylton Escafura, filho do bicheiro Piruinha, em 2017. Seu depoimento foi citado pela PF no inquérito que levou à prisão do ex-chefe da Polícia Civil.
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