Após atrasos e cancelamentos no Galeão por falta de energia, moradores da Ilha do Governador continuam a enfrentar apagões

No sábado (3), o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, enfrentou uma situação caótica devido a uma interrupção no fornecimento de energia elétrica. O empresário Sérgio Mattos, dono da agência de modelos 40 Graus Models, relatou os transtornos vividos durante o episódio.

Mattos chegou ao aeroporto por volta das 12h30, aguardando seu voo das 15h. No entanto, a falta de energia causou um atraso significativo, e o voo só decolou depois das 16h, resultando em mais de três horas de espera.

- Eu estava a caminho de Guarapuava (Paraná) e tinha uma conexão em Campinas. Quando cheguei ao aeroporto, a energia foi cortada logo em seguida. Tentei entender o que estava acontecendo, mas informaram que estavam sem luz e aguardavam o restabelecimento. Aproveitei para dar uma volta, mas a situação só piorou - conta Mattos.

O empresário retornou ao guichê da Azul, companhia responsável pelo seu voo, assim que a energia foi restabelecida, mas a fila continuava parada.

- Mesmo com a luz de volta, o sistema não funcionava. Só falaram que estavam sem sistema e que não tinham previsão de retorno. Ficamos na fila por um longo tempo até que começaram a realizar o processo manualmente. Consegui fazer meu check-in e fui para a área de embarque, mas lá também estava sem sistema, incluindo o raio-x - explica Mattos.

A espera na área de embarque foi tensa, com muitos passageiros preocupados em perder seus voos.

- Eu estava a meia hora do meu voo e ainda do lado de fora. Quando finalmente consegui passar pelo raio-x, ele parou bem na hora da minha mala. Foi uma loucura - relata o empresário, que conseguiu embarcar apenas às 16h.

O episódio gerou grande transtorno para os passageiros no Galeão, resultando em filas intermináveis e muita frustração.

- Foram mais de três horas de espera. Sentei no chão perto do portão e esperei até abrirem. Por sorte, consegui pegar minha conexão para Curitiba no último minuto, o que foi um verdadeiro milagre. Minha conexão era duas horas depois, então cheguei no limite, troquei de avião correndo e fui o último a embarcar. Para mim, deu tudo certo, graças a Deus, mas vi que muita gente perdeu o voo. Se eu tivesse perdido o voo, teria perdido meu trabalho em Guarapuava. Nesse caso, eu teria buscado uma compensação legal. Mas, felizmente, deu tudo certo para mim, embora muitas pessoas tenham ficado prejudicadas - finaliza o empresário.

O RIOgaleão informa que, desde o último dia 18, quando a Light interrompeu parcialmente o fornecimento de energia para o aeroporto, a maior parte da operação tem sido abastecida pelo sistema de geradores. Neste sábado (03), por volta das 12h30, houve uma interrupção no sistema de geradores. No entanto, a operação já está normalizada, assim como o fornecimento de energia. No total, 17 voos tiveram atrasos, sendo 16 domésticos e 1 internacional, o que corresponde a 7% da malha diária do aeroporto. O Terminal de Passageiros 2 ficou sem energia das 12h35 às 12h58, enquanto o Pier (embarque e desembarque internacional) ficou sem energia das 13h22 às 14h40.

A Light reforça que o Aeroporto do Galeão opera com gerador próprio desde o dia 18/07 e que, devido à falha no equipamento do próprio aeroporto, a concessionária disponibilizou todo o suporte e auxílio para normalizar o fornecimento de energia.

A concessionária ressalta ainda que o cronograma de obras de revitalização da rede elétrica da Ilha do Governador está seguindo normalmente, e que a primeira etapa será entregue no dia 15 de agosto. Sobre a falta de luz no Jardim Guanabara, a Light informa que equipe se encontra no local fazendo manutenção e que a energia já foi restabelecida.

No último dia 14, o prefeito Eduardo Paes afirmou que é inaceitável que a Ilha do Governador sofra mais um apagão como o ocorrido naquela manhã de domingo. Em seu perfil no X, ele declarou: "Conversei com o ministro @asilveiramg, que já está tomando medidas para que a Light religue os sistemas o mais rápido possível. O mais crucial é que o Governo Federal adote uma postura firme para exigir que a concessionária realize os investimentos necessários e definitivos, evitando a repetição da situação. Se a concessionária não tem capacidade para investir, não merece ter a concessão renovada."

De acordo com o aposentado Marcio Barcelos, morador da Ilha, neste domingo a luz faltou por volta das 13h30 e voltou cerca de dez minutos depois. A casa dele chegou a ficar 15 horas sem luz há algumas semanas e ele passou a reduzir as compras no mercado para evitar que elas estraguem. Na última madrugada, a luz ficou piscando.

— Ficamos um pouco reféns da situação porque os equipamentos eletrônicos podem queimar a qualquer momento e já ouvimos situações de pessoas que foram prejudicadas e a Light não aceita reembolsar o aparelho — destacou o morador da Freguesia, uma das partes da Ilha mais afetadas pelos apagões.

— Cada dia é uma caixa de surpresas e a gente só sabe o que vai acontecer quando acontece. Mesmo quando eles avisam da interrupção programada e a nossa rua não está na lista, a luz acaba e eles não dão satisfação nenhuma. O pior de tudo? A conta chega no dia certo, sem descontos por causa do transtorno e sem nenhuma satisfação da empresa — afirmou o aposentado.