A mudança na paisagem começou com a derrubada do Elevado da Perimetral, em 2014, e não parou mais. Entraram em cena nos últimos anos atrações turísticas de peso, como o Boulevard Olímpico, o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã. E, ainda neste mês de agosto, os moradores do primeiro residencial a ser concluído no projeto Porto Maravilha devem receber as chaves de seus apartamentos.
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Entre uma notícia e outra, o processo de recuperação da infraestrutura urbana à beira da baía consolida uma terceira vocação local: a de porto seguro para a realização de eventos, reuniões e congressos. Até o fim desta semana, três encontros internacionais prometem reunir mais de 160 mil pessoas na Região Portuária, atraídas por programação que traz da atriz brasileira Larissa Manoela a Orkut Büyükkökten — sim, o engenheiro turco que criou e batizou a pioneira rede social. Estima-se que pelo menos outros 70 eventos de tamanhos variados ocupem aquela área da cidade até o fim do ano.
Inovação em toda parte
A oferta de variados modais de transporte e a curta distância até a Rodoviária e o Aeroporto Santos Dumont pesaram na escolha do Pier Mauá como endereço da Rio Innovation Week (RIW), que começa hoje e vai até a próxima sexta-feira. Com foco em tecnologia e inovação, o RIW tem vasta programação, com longa lista de palestrantes que vai do ex-jogador de futebol Zico à atriz Zezé Motta, passando pela ativista iraquiana Nadia Murad e o físico americano Kip Thorne, respectivamente vencedores dos prêmios Nobel da Paz (2018) e de Física (2017). A expectativa de que 157 mil pessoas participem do evento elevou a procura por vagas nos hotéis da cidade.
— A ideia é atender os mais diversos públicos, independentemente de faixa etária. Há inovação em todos os lugares. Queremos mostrar, inclusive, que é preciso ver esse processo de forma plural e inclusiva. Por isso, convidamos e colocamos lado a lado, em um mesmo grande espaço de debates, cientistas de renome, ativistas, pensadores, físicos, CEOs de empresas, artistas, desenvolvedores de jogos e influenciadores — explica Jerônimo Vargas, diretor-geral do RIW.
Desde sábado, o Youth20 (Y20) — cúpula de juventudes do G20, que reunirá no Rio, em novembro, representantes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana — concentra atividades no Centro e na Zona Portuária. O encerramento do evento com público esperado de duas mil pessoas está marcado para a próxima sexta-feira, no Museu do Amanhã. No mesmo endereço e no vizinho Porto Maravalley, o Finance of Tomorrow começou ontem e segue até amanhã. Focado na regulamentação financeira na América Latina e no Caribe, o encontro foi preparado para receber 1,2 mil pessoas, com 60 palestrantes na agenda. Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, e Sheldon Mills, diretor-executivo da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA), são alguns dos convidados.
Para o arquiteto e urbanista Sérgio Magalhães, ex-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e ex-secretário municipal de Habitação, o fim da Perimetral abriu “uma infinidade de possibilidades” para a região.
— O centro do Rio é o lugar mais importante da metrópole. Deve ser privilegiado para trazer pessoas que queiram vir com esse tipo de enfoque (para convenções), turistas ou moradores — observa.
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A realização do G20 no Rio também é apontada como atrativo por Lucas Padilha, secretário municipal da Casa Civil e presidente do Comitê Rio G20.
— Os organizadores (de outros eventos) acharam mais fácil trazer os participantes internacionais neste ano, por causa do G20. Uma coisa reforça a outra — observa Padilha. — A economia do turismo que mais deixa recursos na cidade, além do carnaval e das praias, é com certeza o turismo de negócios.
‘Perto do mar’
Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio Convention & Visitors Bureau, observa que, ao promover intervenções na Região Portuária, o Rio seguiu uma tendência internacional.
— Essa questão da revitalização do Cais do Porto acontece no mundo inteiro. Cidades como Buenos Aires e Nova York também se destacam por terem a área antiga do porto renovada, tornando-a um novo atrativo. Tem um charme, as pessoas gostam de estar perto do mar — observa Werneck, antes de acrescentar que, quando viaja em busca de novos eventos para o Rio, a Zona Portuária e o Centro agradam aos organizadores. Um dos atrativos, segundo ele, é a hospedagem, já que a região tem preços mais baratos que outras partes da cidade.
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