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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 30/08/2024 - 04:31

Risco de Paralisação em Restauração do Museu Nacional

O Museu Nacional corre o risco de interromper obras de restauração por falta de verbas. A UFRJ captou metade do valor necessário, com apenas 30% das intervenções concluídas. Diretor prevê paralisação ainda este ano se não houver mais recursos. Promessas de antecipação de reabertura ficam inviáveis. Recursos federais e privados não foram suficientes. Alerj prometeu R$ 20 milhões, mas não repassou citando exigências não cumpridas. Firjan estuda possibilidade de ajuda. MEC busca recursos adicionais. Exposição de manto Tupinambá pode dar visão das obras em andamento.

A poucos dias de o incêndio que destruiu o Museu Nacional completar seis anos, as obras de reconstrução do palácio de mais de 200 anos correm o risco de parar no meio do caminho por falta de recursos. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) captou até agora R$ 261 milhões, pouco mais da metade do valor previsto inicialmente para reabrir o museu. Apenas 30% das intervenções foram concluídas nesse período. O diretor do museu, Alexander Kellner, disse ontem que, sem o aporte de mais verbas, o trabalho deve ser paralisado ainda este ano.

Em setembro do ano passado, quando a fachada foi reinaugurada, o clima era de otimismo. Autoridades do governo federal anunciaram que a conclusão seria antecipada para 2026. Essa data agora se mostra inviável, segundo Kellner. Ele afirmou que a entrega parcial das obras ocorrerá em 2026 se houver a captação de mais recursos, e a abertura total do museu em 2028. O diretor calcula ainda que, além do orçamento inicial de R$ 491 milhões, vai precisar de mais R$ 109 milhões. E, para garantir o ritmo das obras, precisa da liberação de R$ 50 milhões até novembro.

— Atualmente, por mais contraditório que possa parecer, estamos em dia. Até que a obra está andando bem. Mas preciso de recurso antes do fim deste ano para dar continuidade ao projeto. Sem esse valor, vamos paralisar as obras — afirmou Kellner.

Em um relatório sobre cronograma do projeto feito este mês, o museu ressalta que todas as fachadas do bloco 1 e a claraboia na entrada principal foram restauradas e parte dos telhados, refeita — um gasto em torno R$ 60 milhões.

O documento cita que também estão prontas as lajes de cobertura nos blocos 1, 2 e 3 e que os vãos e as alvenarias foram consolidados no bloco 1. O restauro de esculturas centenárias de mármore de Carrara, atingidas no incêndio, ficou pronto, e que réplicas foram produzidas e instaladas no topo do palácio. Não há valores especificados para essa parte.

Promessa de antecipação

Uma equipe do GLOBO esteve ontem no museu. Dezenas de operários estavam trabalhando em andaimes montados pelo palácio. No entanto, além da fachada e do telhado, nenhum outro ponto do imóvel parecia estar concluído.

Operário trabalha nas obras de recuperação do Museu Nacional — Foto: Custodio Coimbra
Operário trabalha nas obras de recuperação do Museu Nacional — Foto: Custodio Coimbra

Em março de 2023, durante visita do presidente Lula ao museu, o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que estava buscando recursos para financiar a reconstrução do patrimônio e garantiu que as obras seriam concluídas até o fim da atual gestão, em 2026. Segundo ele, a reinauguração seria em abril daquele ano. Na época, a fachada e o telhado estavam em fase final.

— O incêndio foi um sofrimento. Normalmente, depois de uma catástrofe como essa, você precisa consolidar o que sobrou. Confesso que me causa estranheza começar uma obra pela fachada. Normalmente, quando se tem uma obra de patrimônio histórico, a primeira coisa que se faz é a eliminação do risco: ou seja, não pode pegar fogo, cair ou inundar — diz Carlos Fernando Andrade, ex-superintendente do Iphan. — Até imagino que se tenha começado a fazer a fachada para que houvesse algo mais visível para o público, e a consolidação interna esteja sendo feita, mas não é algo muito aparente. Também questiono o seguinte: cadê o acervo? Do ponto de vista museológico, não sei se apenas a obra é prioridade.

Do orçamento de R$ 491,7 milhões previstos, R$ 156,5 milhões são provenientes de recursos federais via BNDES, Ministério da Educação, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e emendas parlamentares. Enquanto R$ 104,5 milhões são de recursos da iniciativa privada como da Vale, do Bradesco e do Itaú. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) também prometeu, em agosto de 2020, repassar R$ 20 milhões, o que não aconteceu até agora.

— É uma decepção profunda ver que o estado não cumpre com a palavra. Mas ainda tenho esperança de que a Alerj mude de ideia. As obras seguem em andamento até que o dinheiro acabe. Apesar do apoio do MEC, a situação é preocupante — afirmou Kellner.

Restauro da fachada do Museu Nacional é uma das etapas mais adiantadas da obra — Foto: Custodio Coimbra
Restauro da fachada do Museu Nacional é uma das etapas mais adiantadas da obra — Foto: Custodio Coimbra

Em nota, a Alerj confirmou que a doação foi formalizada em agosto de 2020, mas que a verba ainda não foi repassada “porque o museu até o momento não cumpriu exigências estabelecidas”. Segundo a Assembleia, o dinheiro tem que ser transferido para a UFRJ, representante legal do Nacional, e não para a Associação dos Amigos do Museu Nacional, como quer a instituição.

Firjan estuda ajuda

O presidente da Firjan, Eduardo Gouvêa Vieira, diz que estuda como pode ajudar no projeto do museu:

— A Igreja Notre Dame, em Paris, por exemplo, que pegou fogo em 2019, já está sendo entregue neste ano. Houve um investimento de perto de 1 bilhão de euros (cerca de R$ 6,254 bilhões). Aqui no Brasil, existe um projeto para o museu que pegou fogo em 2018 e que andou muito pouco. Sabemos que precisamos de recursos. Uma suposta inauguração para 2026 precisa de aporte. Precisamos de mobilização e incentivo da sociedade civil.

Em nota, o MEC afirmou que “está em diálogo com outros órgãos governamentais a fim de captar recursos para auxiliar na reconstrução, como a Petrobras e o Ministério da Cultura”. E ressaltou que “serão repassados, ainda em 2024, mais R$ 14,2 milhões para a UFRJ, visando atender a reforma do anexo do palácio”.

Uma amostra de como estão as obras no museu poderá ser vista pelo público no mês que vem quando o manto Tupinambá — devolvido ao Brasil em junho pelo Ministério da Cultura da Dinamarca — será exposto no hall principal do palácio.

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