RIO — Um dos grandes destaques do Museu Nacional de Belas Artes, o enorme tríptico “Navio negreiro”, de Di Cavalcanti, deixou as paredes da instituição carioca na semana passada. O novo endereço da obra, que mede seis metros por quatro metros, é em São Paulo, na sede do banco americano J.P. Morgan, que havia cedido a obra ao museu, em comodato, em 1993. A partida do quadro multicolorido, noticiada por Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, deixou apreciadores de arte desolados. Na página do museu na internet, não faltaram recados lamentando a perda para o Rio.
“Eu fiquei encantada quando visitei o museu semanas atrás. Essa é sem dúvida uma das obras mais magníficas que pude apreciar”, comentou uma estudante do Amapá na fanpage do museu. “Eu amo Di Cavalcanti desde criança. Ele foi inspiração e tema da minha monografia do curso de Belas Artes”, lamentou um outro estudante.
Já o diretor da Escola de Artes Visuais Parque Lage e colecionador, Fábio Szwarcwald, vê com estranheza a saída brusca do quadro:
— Fiquei surpreso, porque é um trabalho importante do Di Cavalcanti. Seria fundamental que ele ficasse exposto para que todos tivessem acesso. É uma pena. A coleção de Gilberto Chateaubriand, por exemplo, está em comodato no MAM há 15 anos.
Diretora do museu, Monica Xexéo informou que só se pronunciará após o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Paulo Amaral, dar seu parecer sobre o caso. O governo do estado não informou se pretende negociar para que o quadro retorne ao Rio.