Rio

Policiais treinam para aprender melhor tratamento e termos da comunidade LGBTI+

Transexual Alessia Almeida deu aula na Delegacia de Combate a Crimes Raciais de Intolerância (Decreadi), na Lapa
Transexual Alessia Almeida deu aula na Delegacia de Combate a Crimes Raciais de Intolerância (Decreadi), na Lapa Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Transexual Alessia Almeida deu aula na Delegacia de Combate a Crimes Raciais de Intolerância (Decreadi), na Lapa Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

RIO —  Sentada entre policiais civis, a transexual Alessia Almeida dá aula na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na Lapa: ela explica que o certo é falar “a”, e não “o” travesti. O artigo deve ser feminino. A psicóloga Luiz Salas ensina aos agentes a importante lição de que hoje não se usa mais a expressão “opção sexual”, que deu lugar a uma outra, “orientação sexual”, capaz de deixar mais claro que a forma como as pessoas se relacionam afetivamente e sexualmente nada tem a ver com escolhas.

Policiais civis receberam uma verdadeira aula de tratamento e de termos da comunidade LGBTI+ Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Policiais civis receberam uma verdadeira aula de tratamento e de termos da comunidade LGBTI+ Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

Os 12 policiais da Decradi, aberta há pouco mais de um mês, começaram a aprender na terça-feira o beabá do universo LGBTI+. As aulas estão a cargo da equipe do programa estadual Amizade Rio LGBT — que substituiu o Rio Sem Homofobia. O primeiro dia teve como foco o aprimoramento do trato com público, e o delegado Gilbert Stivanello admitiu: o extenso vocabulário é de “dar um nó na cabeça”.

— Quando se trata de sexualidade e gênero, há 72 nomenclaturas diferentes. É necessário lapidar isso para melhor compreender a realidade de cada grupo — disse Stivanello, acrescentando que a unidade já atendeu a dez casos de homofobia.

O “+” após a sigla LGBT se refere a dezenas de denominações, como “queer”, relativa a pessoas não binárias, e “intersexual”, usada para quem nasce com traços dos dois sexos. Os termos suscitaram dúvidas.

— Queremos que os inspetores se sintam seguros ao atender essa população — explicou Ernane Alexandre, superintendente estadual de Políticas Públicas LGBT.

Em 2018, o Rio Sem Homofobia recebeu 231 casos de violência contra LGBTs, 78 delas de agressões físicas.