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Praça na Vila Aliança recebe nome de Kaio Guilherme, criança morta com tiro na cabeça em abril deste ano

Decreto argumenta que sonhos de um menino são a motivação necessária para que todos enfrentam o mundo por acreditarem que é possível torná-lo melhor
O menino Kaio foi atingido por uma bala perdida Foto: Reprodução
O menino Kaio foi atingido por uma bala perdida Foto: Reprodução

RIO — Morto com um tiro na cabeça em abril deste ano, o pequeno Kaio Guilherme da Silva Baraúna será homenageado com o nome de uma praça na comunidade Vila Aliança, Zona Oeste do Rio, onde morava. Um decreto publicado no Diário Oficial do município desta terça-feira altera o nome da Praça Gramacho, que passa a receber o nome da criança, de 8 anos, que foi atingida por um tiro enquanto participava de uma festinha infantil no dia 16 de abril e morreu dias depois.

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O texto argumenta que "os sonhos de um menino são a motivação necessária para uma ampla aliança de todos que enfrentam o mundo por acreditarem que é possível torná-lo melhor" e cita a relação que o menino, que sonhava em ser jogador de futebol, tinha com a praça. O Decreto 49.504/2021 é assinado pelo prefeito Eduardo Paes.

Kaio Guilherme estava numa fila para pintura de rosto e, de repente, caiu no chão ensanguentado, para surpresa das outras crianças e dos três adultos que cuidavam delas — entre eles, a mãe do menino, a professora Thais da Silva. Foi atingido por um disparo cuja origem ainda é desconhecida. Testemunhas garantiram a investigadores que não havia operação policial ou confronto na Vila Aliança, comunidade em Bangu dominada pelo tráfico de drogas.

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Foram oito dias de luta pela vida no CTI do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Houve uma grande corrente de oração pela recuperação de Kaio Guilherme, o único filho de uma dedicada mãe. Religiosa, a família nutriu até o fim a expectativa de que exames comprovassem a continuidade do fluxo sanguíneo no cérebro de Kaio.

— Foi muito, muito doloroso quando recebemos a notícia porque nossa esperança era grande demais — contou Thais: — Os últimos dias foram difíceis, mas a gente manteve a fé. Fizemos orações, pessoas até de outros países participaram da corrente de fé. Meu filho lutou demais. Infelizmente, não deu para ele voltar a ficar comigo.

A partir do momento em que recebeu a notícia da morte cerebral de seu filho, a professora teve pouco tempo para se revelar mais forte do que a tristeza que a atingia. Ela decidiu doar órgãos do menino.

— A gente está fazendo o possível para entender os planos de Deus. E, se Deus achou que seria melhor assim, a gente aceita. Talvez o propósito disso tudo tenha sido salvar outras vidas. Meu filho se foi, não tem mais jeito. Aceitei fazer a doação porque sei que esses órgãos vão ajudar crianças. Deus levou uma vida para salvar outras — disse Thais, muito emocionada, na época do crime e da doação.