Rio

Torcida da Mocidade faz apitaço contra erro de jurado

Manifestantes querem que Liesa reconheça vitória da verde e branca
Mocidade Independente de Padre Miguel Foto: Monica Imbuzeiro / Agência O Globo
Mocidade Independente de Padre Miguel Foto: Monica Imbuzeiro / Agência O Globo

RIO - Integrantes da Torcida Organizada Independentes Mocidade fizeram, na tarde desta quarta-feira, um apitaço em protesto contra o erro do jurado que tirou um décimo e, por consequência, o título da escola de Padre Miguel no julgamento do carnaval deste ano. O protesto foi em frente à sede da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), no Centro. Os torcedores da verde e branca, munidos de bandeiras, faixas e cartazes.

— Na verdade, a gente não está aqui só pela Mocidade, mas pelos erros grosseiros ocorridos ao longo dos anos. A Liesa reconheceu o erro na nota oficial e o jurado tentou jogar a culpa na escola. A gente não quer tirar o título da Portela (vencedora deste ano), que respeitamos e achamos que fez um grande desfile. Mas queremos que a Liga reconheça o erro do jurado e a vitória da Mocidade, também — cobra Leo Novais, de 37 anos, presidente da torcida organizada.

Novais reconhece que a decisão da direção da Mocidade em não cobrar da Liesa a anulação do resultado enfraqueceu o movimento dos torcedores e disse que pretende ouvir também as justificativas da agremiação sobre o episódio.

— A torcida vem requerer, além de uma explicação da Liesa, o prejuízo da escola. Foi o trabalho de um ano jogado fora por conta do erro grotesco de julgamento. É o como se um juiz de futebol apitasse um tiro de meta, quando na verdade tivesse sido penalty — compara o autônomo Fábio Cochrane, de 41 anos, morador de Bangu, que exige, no mínimo, o reconhecimento da vitória da Mocidade junto com a Portela, a campeã de fato.

A cabeleireira Jana Moraes, de 48 anos, que desfilou pelo terceiro ano consecutivo na escola de Padre Miguel, na ala Independente da Identidade, disse que se sentiu frustrada com a descoberta que a perda do décimo foi por conta do erro do jurado e não da escola.

— O título deveria, no minimo, ser dividido com a Portela. Estamos sendo vítimas da incompetência de um jurado, que cometeu um erro primário — protestou.

O grupo tentou ser recebido na Liesa, sem sucesso. Mas, no final do protesto, o presidente da Liga, Jorge Castanheira, que estava de chegada conversou com os manifestantes na calçada mesmo. Segundo Léo Novais, repetiu os mesmos argumentos da nota oficial divulgada anteriormente por sua assessoria, reconhecendo o erro do jurado e alegando que a razão teria sido a alteração no livro “Abre Alas”, roteiro do desfile distribuído aos jurados.

— Ficamos satisfeito pela educação dele em ter conversado conosco, mas como argumentação não apresentou nenhuma novidade — afirmou Novais, que pretende conversar com advogados essa semana sobre a ação que vai propor na justiça, reivindicando a vitória da Mocidade.

O jurado Valmir Aleixo era responsável pelo quesito enredo e, justificou a redução em um décimo da nota da escola, alegando que a agremiação deixou de apresentar o destaque de chão “esplendor dos sete mares”, prevista apenas, segundo a Liesa, na primeira versão do roteiro do que seria mostrado durante o desfile

A Mocidade diz que encaminhou uma segunda versão do roteiro à Liga em 2 de fevereiro, com a alteração realizada pela entidade no dia 8 e que, portanto, a alegação de desconhecimento por parte do jurado “é inaceitável.”