Rio Show

'A vida passou por aqui', peça de Claudia Mauro, conquista espectadores perenes

Espetáculo acompanha amizade longeva entre um homem e uma mulher, e está há três anos em cartaz: 'Sou parada nas ruas por causa do teatro', diz a autora
Os atores Claudia Mauro e Édio Nunes, em cena da peça 'A vida passou por aqui' Foto: Dalton Valerio / Divulgação
Os atores Claudia Mauro e Édio Nunes, em cena da peça 'A vida passou por aqui' Foto: Dalton Valerio / Divulgação

Claudia Mauro conta que, com certa frequência, tem sido abordada nas ruas do Leblon, bairro onde mora, para ouvir comentários sobre a peça “A vida passou por aqui” . Acontece assim há três anos, período em que o espetáculo se mantém em cartaz por diferentes salas da cidade. Com texto da própria atriz, que divide a cena com Édio Nunes — sob direção de Alice Borges —, a montagem encerra nesta quarta-feira sua 12ª temporada, no Teatro dos Quatro, na Gávea, e já tem outras sessões confirmadas para logo: a partir da próxima semana, até o fim de agosto, ganhará o palco do Teatro Petra Gold às terças-feiras; de setembro a dezembro, retornará ao Teatro dos Quatro às segundas.

— Dentro da atual situação das artes, a peça é um fenômeno. Para mim, funciona como um divisor de águas — conta Claudia. — Desde o início, vemos um boca a boca descontrolado: se na estreia de uma temporada temos 50 pessoas na plateia, no dia seguinte temos cem. E aí sou parada nas ruas por causa do teatro, algo que nunca havia vivido. Num dia desses, a caixa do mercado me abordou para dizer que a filha tinha visto a peça três vezes. Na semana passada, recebi uma carta de uma mulher que assistiu oito vezes. Para essas pessoas, dou o meu WhatsApp e digo: “venha quando quiser, e sem pagar ingresso”.

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Laureada com o Prêmio APTR de Melhor Texto , a peça — que traz no programa elogios de nomes como Caetano Veloso, Domingos Oliveira , Ney Latorraca e Marieta Severo — parte de experiências reais dos pais da atriz, em ficção que acompanha a amizade entre uma solitária professora de classe média alta e um bem-humorado faxineiro.

Em cena, ao rememorarem determinados causos em suas quatro décadas de cumplicidade, os personagens idosos driblam, por consequência, a sensação de paralisia diante da premência do tempo (e da proximidade da morte).

— A peça tem essa pegada de celebração à vida. Talvez leve para o espaço piegas da autoajuda. Mas o que é autoajuda hoje? Não é tudo? Cada vez mais, me surpreendo com a reação dos espectadores, que riem e se emocionam com a trama — diz a atriz e autora. — O texto surgiu a partir de tudo o que aprendi com meus pais, com referências a figuras que existiram na minha família. Acho que essa conexão afetuosa chega a o público. Por isso, ficaria 20 anos em cartaz assim, tranquilamente.

Onde: Teatro dos Quatro. Shopping da Gávea, 2º piso. Rua Marquês de São Vicente 54, Gávea (2239-1095). Quando: Qua, às 20h. Último dia. Quanto: R$ 60. Classificação: 14 anos.

Onde: Teatro Petra Gold. Rua Conde de Bernadotte 26, Leblon (2529-7700). Quando: Ter, às 20h. Até 27 de agosto. Quanto: R$ 60. Classificação: 14 anos.