Cinema
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Por — Rio de Janeiro

Cáit, a menina silenciosa do título interpretada com notável contenção por Catherine Clinch, vive sem qualquer manifestação de afeto. Quando a situação familiar, já caótica, piora com uma nova gravidez da mãe (Kate Nic Chonaonaigh), ela é enviada, de maneira absolutamente impessoal, para passar um período ao lado de parentes — um casal formado por Eibhlín (Carrie Crowley) e Seán (Andrew Bennett). Lá, a garota recebe carinho, primeiro da parte dela, depois da dele. “Não existem segredos nessa casa”, afirma Eibhlín. Mas há uma informação oculta, só revelada em determinado momento da projeção.

Baseado em “Foster”, conto de Claire Keegan, esse filme de Colm Bairéad —indicado ao Oscar 2023 de melhor filme internacional — provoca envolvimento emocional no espectador sem apelar para excessos sentimentais. Como não estabelecer vínculo com a protagonista, uma criança retraída, de expressão dramática, voz doce e olhar contemplativo diante da natureza? Além disso, o diretor não impõe obstáculos à apreciação do público. No mundo apresentado na tela, há muito sofrimento, mas pouca complicação. Os personagens se dividem basicamente entre os portadores e os destituídos de bondade. “Eibhlín quer encontrar bondade nas outras pessoas achando que não vai se decepcionar e acaba se desapontando”, diz Seán.

Tudo pode parecer algo simplista. O resultado, porém, merece aplausos pela condução sensível da direção, pelo afinado trabalho do elenco e pela concepção visual, com destaque para a fotografia de Kate McCullough que remete, sutilmente, à Irlanda dos anos 1980.

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