Cinema
PUBLICIDADE
Por

“Uma família feliz” começa pelo fim, com cena macabra. Rebobina-se a fita. Para 99,9% das mulheres/mães, paraíso pode significar vida confortável, marido solidário com os três filhos (gêmeas de 10 anos e um bebê), mansão de dois andares, que — magicamente — está sempre impecável. O casal é jovem e se ama — ou, se amava. Cenário pesadelo: o mesmo, assim como os personagens, só que abalado por situações cada vez mais sinistras, tipo gêmeas de “O iluminado” (Kubrick), atmosfera de “O bebê de Rosemary” (Polanski), fantasmas à la “Rebeca” (Hitchcock). Mas, naquele lar margarina — nunca, nada fora do lugar. Bizarro.

Eva, a pobre-rica matriarca, é criação de Raphael Montes (argumento, roteiro e livro) e José Eduardo Belmonte, na direção. No recorte-bolha da Barra da Tijuca, sobressaem o visual cuidadoso (fotografia de Leslie Montero), a direção de arte (Monica Palazzo), a trilha musical (Julia Teles). Fatos: tudo parecia ir bem até o nascimento de Lucas. Eva, que cria bebês artificiais, não consegue dar conta. Depressão pós-parto? Conspiração? Espíritos do mal? Uma das meninas está seriamente doente. Quando as crianças aparecem machucadas, o horror se instala de vez. Eva (sempre ela!) é a principal suspeita. Segredos eclodem através de câmeras de segurança. Reviravolta. Revelação surpreendente. Grazi Massafera, com energia, carrega o filme nas costas. Reynaldo Gianecchini se sai bem como o marido cara de paisagem. Obrigatório permanecer até o final dos créditos.

Mais recente Próxima 'O homem dos sonhos', 'Uma prova de coragem', 'Uma família feliz': as estreias e todos os filmes em cartaz