O documentário “Fausto Fawcett na cabeça”, de Victor Lopes, tem uma de suas cenas mais emblemáticas filmada no ainda inacabado Museu da Imagem e do Som, erguido sobre o que um dia foi a boate Help, um dos “inferninhos” de Copacabana. A tempestade de raios que cai enquanto Fausto contempla a paisagem parece simbolizar o encontro destes dois mundos, o erudito e o profano, que o cantor e escritor tão bem representa desde os anos 80.
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Mas o que sobressai é a verve poética despejada com a mesma intensidade dos versos cheios de trocadilhos e referências culturais do autor de “Katia Flávia, a Godiva do Irajá” e “Rio 40 graus”. Copacabana, o centro de seu universo, é apresentada por meio de um pentagrama de colagens, através do qual ele explica a influência da veia estética, filosófica e mística que herdou dos pais, misturada com magias, politeísmos, “a intensidade da barbárie namorando as tentativas de civilização”, até desembocar no que define como o “estopim de tudo”: a atriz Farrah Fawcett, de quem pegou o sobrenome artístico.
As imagens de arquivo de espetáculos como o antológico “Santa Clara Poltergeist” e o panteão de louras coreografadas por Deborah Colker, que deixavam hormônios em ebulição no “Básico Instinto”, nos lembram de uma época na história cultural carioca que não se repetirá. O filme permite que atuais e futuras gerações percebam a força do legado de Fausto, que segue produzindo mísseis Exocet como o recente “Favelost”.
Bonequinho aplaude.