Cinema
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Por — Rio de Janeiro

Ruth (Charlotte Rampling) é uma idosa austera, ranzinza e autoritária. Essas características, porém, não são suficientes para defini-la. Ao longo da projeção de “A matriarca”, ela se mostra contrária a qualquer conservadorismo: bebe litros de gim, atira com pontaria certeira, não recusa um cigarro de maconha e fala abertamente sobre sexo. Sam (George Ferrier), o neto, também não se enquadra no sistema. Depois da morte da mãe, sofre com a distância imposta pelo pai, Robert (Marton Csokas), age com alguma rebeldia no internato e pensa em suicídio.

Com personalidades marcantes, Ruth e Sam entram em choque assim que dão início a uma convivência forçada. Mas não demora muito para estabelecerem vínculo afetivo. O diretor Matthew J. Saville desenvolve essa relação de modo bastante previsível. Além disso, inclui situações que mudam o desenrolar dos acontecimentos, coincidentemente nos instantes em que os personagens mais precisam. São facilitações do roteiro, assinado pelo próprio J. Saville.

Apesar das restrições, “A matriarca” merece ser visto pelas atuações dos protagonistas. Rampling é sempre expressiva em sua interpretação econômica, dimensionando a postura firme de uma mulher independente, que, confrontada com limitações físicas, perde cada vez mais sua autonomia — processo parecido com o enfrentado por Rei Lear, ainda que as circunstâncias envolvendo o célebre personagem de William Shakespeare (citado numa cena do filme) e Ruth sejam bem diferentes. Ferrier demonstra segurança na interação com Rampling, sem concessão ao exagero.

Bonequinho olha

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