Cinema
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Por — Rio de Janeiro

A “troupe Guédiguian” volta a se reunir em Marselha, sua afetiva base de operações, no esperançoso “E a festa continua!”. Quem viu um pouco do que o grupo criou (como “A cidade está tranquila” e “Uma casa à beira-mar”) já sabe o que esperar: personagens que representam a classe trabalhadora francesa tocam suas vidas cotidianas, impactadas pelo cenário sociopolítico, e procuram se comportar de acordo com o célebre lema ambientalista — “pense globalmente, aja localmente”.

À medida que os anos passam, o cineasta Robert Guédiguian e seus principais colaboradores vêm trazendo à pauta temas ligados ao envelhecimento. Desta vez, Ariane Ascaride (mulher do diretor) interpreta uma enfermeira viúva que, desgastada pelas condições precárias do trabalho, pensa na aposentadoria. Ao mesmo tempo, ela contempla a possibilidade de ser cabeça de lista do Partido Verde nas eleições municipais — uma aliança que seu irmão comunista (Gérard Meylan) condena.

O pai (Jean-Pierre Darroussin) da sua futura nora (Lola Naymark) entra em cena para trazer uma bem-vinda desestabilização da rotina, assinalada também pelos novos planos dos dois filhos (Robinson Stévenin e Grégoire Leprince-Ringuet). Como pano de fundo, os esforços para manter a tradição armênia da família e a preocupação com a degradação da cidade. Um episódio verídico (o desabamento de prédios antigos, com vítimas fatais, em 2018) rende ao filme seus momentos mais realistas e vibrantes, num encontro da arte com a ação política, como é habitual na obra da “troupe Guédiguian”.

Bonequinho olha.

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