Cinema
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Por — Rio de Janeiro

Os bons filmes de tribunal são aqueles que deixam o espectador em dúvida até o fim, às vezes até depois do fim. É quando nós mesmos viramos um dos 12 membros do júri com a função de apontar uma sentença.

“Anatomia de uma queda”, da diretora francesa Justine Triet, faz isso muitíssimo bem. E não é uma história de julgamento trivial, em que a graça é simplesmente acompanhar as camadas de verdade sendo reveladas aos poucos. O que a trama tem de mais interessante é a incerteza sobre as emoções dos personagens. Importante saber se a acusada é culpada ou não de ter matado o marido? Claro. Mas parece mais relevante entender o sentimento daquela família antes e depois do trauma da morte.

A atriz alemã Sandra Hüller interpreta com maestria a protagonista, uma escritora também batizada de Sandra. Ela mora num chalé isolado na montanha com o marido e o filho, até que vem a tal queda: ele cai de uma janela, bate a cabeça e morre. A criança encontra o corpo e grita para a mãe, aí vem a polícia, começa a investigação, e levantam-se as suspeitas de que o homem pode não ter se suicidado e sim ter sido empurrado por Sandra.

A possibilidade de assassinato de um marido pela mulher vira circo em qualquer lugar do mundo, na França não é diferente. No tribunal, detalhes do incidente e da relação do casal vêm à tona. Em casa, Sandra precisa lidar com a desconfiança do filho, que também busca decidir se acredita e continua amando a mãe ou se decepciona-se por ela ter matado o pai.

É esse aspecto pessoal que faz “Anatomia de uma queda” ser tão celebrado, a ponto de ter recebido justas indicações ao Oscar de filme, direção, roteiro original, edição e atriz.

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