Nicolas Cage nunca escondeu que um de seus maiores sonhos era interpretar, antes da aposentadoria, o personagem Conde Drácula. Essa paixão é pública e notória. Cage até interpretou um vampiro na comédia irregular “Um estranho vampiro” (1998) sobre um homem que acreditava ter se tornado um desses seres, mas tudo não passava de paranoia. Finalmente, Nicolas Cage teve sua oportunidade em “Renfield — Dando sangue pelo chefe”, que até tem um bom resultado, mas deixa a desejar em certos momentos.
A história é centrada em Renfield (Nicholas Hoult), leal servo de Drácula (Cage), que se sente culpado por ter ajudado o mestre a obter vítimas ao longo de séculos. O problema é que Renfield está numa encruzilhada emocional — não consegue deixar de cumprir as ordens de Drácula nem sabe como acabar com essa dependência.
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Quando o diretor Chris McKay (“A guerra do amanhã”, 2021) investe na mistura bem azeitada de humor e terror, numa clara pegada camp (comportamento propositalmente exagerado e teatral), o filme é um deleite. São sequências e mais sequências divertidas e tensas, em que Nicolas Cage se diverte numa interpretação intencionalmente séria que se torna uma paródia irreverente de dois dos mais famosos Dráculas do cinema: Béla Lugosi e Christopher Lee.
O longa perde força justamente nas cenas que envolvem o sentimento de culpa de Renfield, além de subtramas desnecessárias que atrapalham o ritmo. Apesar desses deslizes, “Renfield” funciona e demonstra que Nicolas Cage nasceu para interpretar um vampiro.