Filmes de episódio lembram bufê a quilo: salvo exceções nos extremos — ótimo e péssimo — , vigora o médio. A avaliação vale para “Elas por elas” (“Tell it like a woman”, no original), produção internacional voltada para a vastíssima diversidade feminina diante e atrás das câmeras, acopladas a evidentes padrões televisivos. Como nos bufês, qualidade variada, a começar por dois casos reais que ao final revelam as personagens inspiradoras. No primeiro, presidiária adicta abusada desde a infância recupera-se de problemas mentais, passa a defender a causa “todos merecem uma segunda chance” e cria a Fundação Tempo de Mudança, na Califórnia. Mudança para a Costa Oeste — durante a pandemia, médica cuida de moradores de rua instalados em hotéis e uma homeless ensandecida revela a garra da profissional.
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Travessia do Atlântico. Na Córsega, arquiteta encara o desafio de assumir a filha da irmã, enquanto, no continente, tensa veterinária detecta um caso de violência contra a dona de um cachorro. Realizações medianas. O melhor da “série” é o episódio japonês no qual acompanhamos o dia a dia de uma jovem mãe sobrecarregada com a criação de dois filhos, sem figura paterna, e trabalho. Os dois últimos — um em Bombaim, o seguinte no mundo dos robôs, ficam abaixo da média. Cabe à música de encerramento, composta por Diane Warren e concorrente ao Oscar 2023, escancarar o mantra em vigor: “mostra que está no controle, que você é digna, forte, dê-se um aplauso”. É isso que o filme pretende, com resultado irregular.