Depois de estrear como diretor com o belo remake de “Nasce uma estrela” (2018) e ter recebido cinco indicações ao Oscar, o ator Bradley Cooper conseguiu atingir um nível de excelência dramatúrgica em “Maestro”, cinebiografia de Leonard Bernstein, também compositor e pianista. Cooper dá um show, não só de interpretação no papel principal, mas também de técnica, com ótimas transições, e na forma como registra a narrativa.
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O roteiro de Cooper e Josh Singer (ganhador do Oscar na categoria por “Spotlight: segredos revelados” em 2016) não é exatamente sobre a vida de Leonard Bernstein, mas sobre seu relacionamento com a mulher, Felicia Montealegre (Carey Mulligan). O projeto se concentra na importância que Felicia teve na vida de Bernstein, bissexual e com enorme desejo sexual por homens.
A criatividade de Cooper já se faz presente na cena inicial, quando o espectador entende por meio de uma excelente sequência, envolvendo a cama no apartamento de Bernstein e o Carnegie Hall, as duas grandes paixões do compositor: sexo e música. A estrutura por trás disso reside no grande amor que Bernstein teve por Felicia.
Além do uso que faz da presença e da ausência de cor, Cooper ainda demonstra extrema eficácia nos diálogos mais espinhosos e ao capturar em longos close-ups as emoções de Bernstein e Felicia. Tecnicamente e dramaturgicamente, Cooper segue a cartilha de mestres como Ingmar Bergman e John Ford. “Maestro” é um dos melhores filmes do ano.