Com “Priscilla”, a diretora Sofia Coppola retoma o tema em que se sente mais confortável: a solidão num ambiente de fama. Seu filme mais célebre, “Encontros e desencontros” (2003) acompanhava o sentimento da namorada de um fotógrafo durante uma viagem ao Japão. Outros que claramente tratavam desse isolamento em meio ao glamour foram “Maria Antonietta” (2006) e “Um lugar qualquer” (2010). Mesmo “As virgens suicidas” (1999) e “Bling ring” (2013) esbarravam no tema.
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“Priscilla” acaba sendo mais ousado porque aponta a câmera para uma história real, relativamente recente e que pode ser considerada precursora do culto às celebridades que vivemos hoje. O filme é um retrato biográfico de Priscilla Presley (interpretada pela ótima Cailee Spaeny), desde seus 14 anos, quando conhece um Elvis de 24; até a solidão em que se transforma seu casamento, com o marido mais interessado nas fãs e nos parças do que na esposa. Para ela, sobrava quase nada.
Outro elemento da obra é o machismo, e bota machismo nisso. O filme mostra Elvis (vivido por Jacob Elordi) como um típico “macho tóxico”, numa época em que esse termo ainda não era usado: ausente, agressivo e que se finge de sonso. É um bom paralelo com um passado em que esses comportamentos eram mais aceitos do que hoje, aquele pensamento de que “homens são assim mesmo”.
Não são, e “Priscilla” mostra bem o problema. Só que falta uma fagulha na história, algo que melhor insira aquela jovem inicialmente passiva na sociedade em mutação dos anos 1970 quando eles se divorciaram.