O diretor Reinaldo Marcus Green vem se tornando especialista em cinebiografias. Depois dos interessantes “Joe Bell: você nunca andará sozinho” (2020) e “King Richard — Criando campeãs’” (2021), ele concentra sua câmera no icônico Bob Marley. O projeto segue a fórmula de filmes biográficos como os recentes “Bohemian Rhapsody” (Freddie Mercury), “Rocketman” (Elton John) e “Elvis”, mas sem o mesmo aprofundamento psicológico. Poderia ser melhor, mas “Bob Marley: One love” é um filme simpático que esclarece, para quem não conhece o suficiente, a importância do músico jamaicano.
- Fique por dentro: siga o Rio Show no Instagram (@rioshowoglobo), assine a newsletter semanal e entre na comunidade do WhatsApp
- 'Zona de interesse': a banalidade do mal na vizinhança de Auschwitz; leia a crítica
Os roteiristas Terence Winter, Frank E. Flowers e Zach Baylin tiveram a boa sacada de não seguir uma linha cronológica. Eles inserem na narrativa passagens importantes da vida de Bob Marley fora de sequência, que funcionam como peças de um quebra-cabeça que vão se encaixando. O recurso ajuda a aguçar a curiosidade do espectador e cria interesse em entender quem era o homem por trás da genialidade do artista: um pai de família, pacifista, apaixonado por futebol e uma espécie de messias para os jamaicanos, que consagrou o reggae ao redor do mundo. A ótima performance de Kingsley Ben-Adir é o maior destaque.
O único deslize, como na maioria das biografias, mas que aqui é agravante, é tentar esconder os tropeços que os ídolos, como qualquer ser humano, dão, porque, ao lado do reforço de sua humanidade, isso os torna mais interessantes para o público. Não havia necessidade de esconder os notórios casos amorosos que Marley teve para contrariedade da mulher, Rita (a ótima Lashana Lynch). Mas “Bob Marley: One love” é uma grata surpresa.