Expressões como “conteúdo explícito” têm sido usadas em material jornalístico sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia desde que a guerra teve início, há pouco mais de dois anos. É uma maneira de alertar o espectador para cenas duríssimas, às vezes registradas de muito perto. A advertência vale também, de maneira redobrada, para “20 dias em Mariupol”, que disputa o Oscar de documentário de longa-metragem.
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Parte do que se vê no filme já circulou, em fragmentos, no noticiário distribuído pela agência Associated Press e pela rede pública americana PBS. Ver o conjunto, no entanto, causa impacto maior do que a soma das partes. São pouco mais de 90 minutos de exposição linear ao terror em estado bruto, sem as edições em formato de pílula nos telejornais e suas reproduções, igualmente recortadas, nas redes sociais. É preciso ter o estômago em dia e a mente preparada para navegar por essa jornada tenebrosa.
Dirigido por Mstyslav Chernov, o documentário reúne imagens captadas em Mariupol — estratégica cidade industrial e portuária no Leste da Ucrânia, a 48km da Rússia — a partir de 24 de fevereiro de 2022, quando começou o que o presidente russo Vladimir Putin chamou de “operação militar especial”. Em três semanas, vemos “a cidade morrendo, como se fosse um ser humano”, na analogia de Chernov. Os ataques a civis, muitos deles crianças e jovens, constituem o eixo mais desesperador dessa espécie de versão da pintura “Guernica”, de Picasso, na forma de audiovisual.