Rio Show

Crítica: 'Não devore meu coração'

Bonequinho olha: Fronteiras paraguaias
Cena do filme 'Não devore meu coração' Foto: Divulgação
Cena do filme 'Não devore meu coração' Foto: Divulgação

A expressiva ambientação em zona de fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, separados pelo Rio Apa, aponta para uma divisão histórica, geográfica e social. A direção e roteiro de Felipe Bragança (“A fuga da mulher gorila”) refletem este hibridismo que expõe junções e desdobramentos nem sempre claros para o espectador.

Inspirado em conto de Joca Reiners Terron, nascido em Cuiabá, “Não devore meu coração” apresenta personagens igualmente divididos, com eventuais interseções: do lado de cá, uma turbulenta turma de motoqueiros, com capacetes e codinomes de heróis americanos, entre eles o agroboy Fernando (um empenhado Cauã Reymond). Por problemas familiares, ele assume a criação do irmão adolescente Joca (Eduardo Macedo), apaixonado pela índia guarani Basano, a Tatuada (Adeli Benitez), que seria dotada de poderes místicos ancestrais.

Naquele fim de mundo, corpos paraguaios continuam a aparecer boiando no rio e confrontos tornam-se inevitáveis. A boate do lado brasileiro compõe um significativo exemplo da pororoca cultural da região com raízes fincadas na Guerra do Paraguai. Como destaques, fotografia de Glauco Firpo e direção de arte de Dina Salem Levy e, sobretudo, a atuação da dupla juvenil em um amor impossível.