Soluções engenhosas para dar prosseguimento à trama, bom humor dos personagens em relação a eles mesmos e aos colegas de aventura, doses razoáveis de ação e também de emoção (ou, talvez, de dramalhão): se "Vingadores: Ultimato" fosse um produto na prateleira do mercado, seu rótulo poderia estampar essa descrição de ingredientes.
"Se" fosse um produto? O novo longa do MCU (o "universo cinematográfico da Marvel"), sob o chapéu cada vez mais amplo e poderoso do conglomerado Disney, constitui uma gigantesca operação de marketing que já marcou a história do cinema. Só não faz muito sentido a imagem da prateleira; "Ultimato" parece ocupar, com sua onipresença, quase todas as gôndolas do mercado.
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A curva mais longa dessa operação teve início com o lançamento de "Homem de Ferro" (2008). Nada mais coerente do que a consagração de Robert Downey Jr., ao final do tapete vermelho dos créditos de "Ultimato", como o intérprete de seu personagem mais importante: foi há 11 anos, com a forte contribuição dele e do diretor Jon Favreau, que se pavimentou muito bem a pista.
Na curva mais concentrada, estão os quatro longas que reúnem os super-heróis do MCU. "Os Vingadores - The Avengers" (2012) abriu essa trilha, seguido por "Era de Ultron" (2015) e "Guerra Infinita" (2018), do qual "Ultimato" não é propriamente uma continuação. É a segunda parte de uma história dividida, para explorar personagens e também o bolso do espectador, em dois longas.
Por mais que a trama se desenvolva em diversos planos, as três horas de duração de "Ultimato" não escondem barrigas e redundâncias. Mas é preciso entender que o público-alvo, como muitos jornalistas presentes à única sessão de imprensa no Brasil, está inclinado a vibrar, aplaudir e urrar com a simples aparição de seus personagens favoritos na tela.
Pois bem: todos poderão vibrar, aplaudir e urrar. Graças às piruetas da trama, retorna o exército de personagens de "Guerra Infinita", mesmo os que haviam sucumbido à sanha devastadora de Thanos (Josh Brolin). O recente "Capitã Marvel", em seu aperitivo durante os créditos finais, já havia anunciado que até mesmo um certo personagem não-herói poderia dar as caras.
Por falar na Capitã Marvel (interpretada por Brie Larson), as personagens femininas ganham novamente ênfase, aproximando o filme do enorme contingente de mulheres que são fãs do MCU. As heroínas (e também as vilãs) têm força, charme e inteligência. Se a aventura estivesse começando só agora, seria possivelmente com "Mulher de Ferro".