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GERADO EM: 04/07/2024 - 03:30

Festas 40+ no Rio de Janeiro: diversão e música para um público maduro

As festas 40+ estão em alta no Rio de Janeiro, atraindo um público maduro em busca de diversão e boa música. Com eventos como Jovens Idosos e Terapia, o cenário noturno carioca resgata o clima das pistas dos anos 2000, oferecendo conforto e animação para os frequentadores. A volta às pistas é vista como uma forma de cuidar da saúde física e mental, proporcionando momentos de descontração e interação social.

Para a turma dos 40 anos ou mais, a noite não é mais uma criança. É uma senhora — uma jovem senhora, diga-se. Com hora para começar e acabar (mais cedo), lugar para sentar e conversar, comidas e bebidas mais caprichadas, mas uma pista de dança tão animada como as de duas décadas atrás. É no que apostam uma leva de festas novas — como as sugestivas Jovens Idosos e Terapia — ou consagradas, a exemplo de Bailinho e Modinha!, que voltam ao circuito com fôlego, conquistando espaço entre o público dessa faixa etária.

— É uma galera que já está com filhos criados, para quem ir para boate é coisa do passado, mas que quer sair para dançar e ouvir música boa, sem perrengue — justifica o DJ Janot, que este mês completa 30 anos de carrapetas em festas como a Brazooka, sucesso nos extintos Casa da Matriz e Cabaret Kalesa, e que desde 2019 comanda a Terapia, com edições mensais no Vista Bar, no terraço do Maguje, no Jockey (a próxima é no sábado).

A trilha sonora, do pop-rock internacional de New Order e Human League com pitadas de MPB— sem cheiro de flashback, garante Janot —, se renova com sons mais atuais, de Johnny Hooker a The Weeknd. Fórmula que fisgou a professora de Educação Física e pilates Adriana Castro, de 49 anos, que bate ponto na festa com o marido e casais de amigos.

— Sempre gostei de dançar e do som do Janot, mas a gente vai ficando mais velha e exigente — diz Adriana, que continuou indo a shows, mas parou de frequentar casas noturnas há dez anos, e celebrou o surgimento da Terapia. — O lugar é confortável, a seleção é ótima, danço a noite inteira. E não é aquela festa que você sai de dia: às 2h já estou indo embora, satisfeita, às 3h já estou dormindo.

DJ e criador da Jovens Idosos, que faz sua terceira edição sábado na Vizinha 123, em Botafogo, Dodô Azevedo, de 52 anos, começou a discotecar no fim dos anos 1990 com a Loud e já comandou outras festas famosas nos anos 2000, como Pessoas do Século Passado e Coordenadas. Ele conta que, além de um público que o acompanha desde os 20 e poucos anos, que viu casar, sumir da pista e voltar, começou a notar um “crossover”:

— Tem uma galera muito jovem que adora coisa de velho, sebo, sessão da meia-noite no Estação, e que começou a brotar na minha pista de quarentões. A geração de 20 e poucos anos só vai para roda de samba. Mas alguns curtem também Amy Winehouse, Nirvana, The Cure, e não vão ouvir isso nas baladas da sua idade, acabam ficando sem lugar para dançar.

Janot e Dodô: dos anos 2000 para as pistas de hoje — Foto: Leo Martins
Janot e Dodô: dos anos 2000 para as pistas de hoje — Foto: Leo Martins

O jornalista João Pequeno, de 47 anos, que esteve nas duas primeiras edições da Jovens Idosos, celebra:

— Sempre tem muita gente conhecida, é ótimo não ter que pagar de tiozão — brinca. — Sei que o Rio é a cidade do samba, mas também não pode ser o túmulo do rock, como diria Lobão. Acho fundamental que tenha mais opções.

Veterano na cena de rock, o DJ Edinho, aos 62 anos, segue embalando o público dos “enta” no Lado B Rock Bar, no Flamengo, com a Ultrasound, e em festas esporádicas como a Bauhaus, de pós-punk, na Vizinha 123 (dia 20), e a estreante Disorder, amanhã no Madre. Para ele, há uma questão sazonal, de um público que frequentava suas pistas há 20 anos, que ficou órfão de lugares que deixaram de existir, como a Bunker, e agora não tem afinidade com as baladas mais jovens, de uma geração que escuta trap e funk.

— Com essa idade você busca algo mais confortável e não quer se sentir inibido porque só tem jovem. Aí você é acolhido pelo ambiente e pelo som, e se sente mais à vontade para interagir. Mas é ótimo quando há uma mistureba — diz ele.

Para muitos dos produtores, a pandemia também influenciou na volta às pistas.

— É gente que ficou dentro de casa confinada, muitos se separaram e ao voltar para a noite, não tinham para onde ir — observa Rodrigo Penna, criador da Bailinho, que estreou em 2007, parou em 2017 e voltou à cena ano passado.

O produtor, que faz 50 anos em agosto, conta que reencontrar pessoas da sua idade na pista “renovou seu tesão” pelas festas.

Pista mais intimista na Com carinho, Rodrigo Penna, no Manouche — Foto: Divulgação
Pista mais intimista na Com carinho, Rodrigo Penna, no Manouche — Foto: Divulgação

— É um público mais exigente, mas mais disponível e generoso. A molecada de hoje é mais moderna, mas mais imediatista, sem paciência. A geração Tik Tok não está atrás do hit do mês ou da semana, mas do dia — diz ele, que acha graça de um certo etarismo que rola entre o próprio pessoal mais maduro. — Já vi cara de 50 e poucos que chega e fala: “pô, só tem gente velha”.

Os fãs da Bailinho, ainda sem data, podem matar as saudades do som do DJ em sua nova festa, mais intimista, Com carinho, Rodrigo Penna, que faz sua segunda edição no dia 20, no Manouche, com o mesmo repertório pop e algumas ousadias e batidas mais lentas.

Foi também depois de muitas lives e festas on-line na pandemia que o DJ João Rodrigo, de 45 anos, resolveu voltar com a Modinha! (que chegou a reunir 3.000 pessoas quando foi criada, em 2010), a pedido dos amigos:

— Notei essa lacuna de festas pop para o pessoal da minha idade.

Desde 2022, ele já fez com o DJ Chu oito edições da festa, que mistura Backstreet Boys, Claudinho e Buchecha, Britney Spears e Banda Eva, no Clube de Aeronáutica, no Centro, sempre cheias. A dupla também comanda, no dia 20, a bimestral Salve Simpatia, de música brasileira que passa por “funk antigo, axé retrô e pop”, no Vista Bar, e a Pa90de, com duas bandas tocando hits do gênero dessa época, confirmada para 31 de agosto. João também toca sozinho na Cocoon, em que revisita clássicos dos anos 80 e 90, que volta à Vizinha 123 no dia 12, após duas edições em 2022.

Descanso: festas como a Salve Simpatia investem em conforto para o público e lugar para sentar — Foto: Divulgação
Descanso: festas como a Salve Simpatia investem em conforto para o público e lugar para sentar — Foto: Divulgação

Para Dodô, o fenômeno das festas 40+ se deve, antes de qualquer coisa, a uma questão de saúde.

— Esse público, assim como vem procurando academias para cuidar do corpo e da cabeça, descobriu ou redescobriu o óbvio: dançar faz bem à saúde. Dançar com amigos, músicas que você ouvia quando a vida era menos complicada, ainda mais.

É o que acredita também a jornalista Renata Araújo, do site de viagens You Must Go, que decidiu criar uma festa após seu aniversário de 54 anos com o DJ e amigo Thiago Mourão. A You Must Dance estreou em abril, repetiu o sucesso no sábado passado e já tem data para voltar ao Vista Bar: 19 de outubro.

— Dançar é libertador, faz bem pra alma, desopila. O tempo passa e a gente acaba perdendo o hábito de sair para dançar — diz ela, garantindo que é não se trata de uma festa naftalina. — Há músicas atuais, de Ed Sheeran a Bruno Mars. Mas também Bon Jovi, R.E.M, Rita Lee. A ideia não é reviver o passado, mas ter uma lembrança daquela época.

Serviço

  • Bauhaus: Vizinha 123. Rua Henrique de Novais 123, Botafogo. Dia 20 (sáb).
  • Cocoon! A Festa: Vizinha 123. Dia 12 (sex), às 20h. R$ 50, Sympla.
  • Com carinho, Rodrigo Penna: Manouche (Jockey). Dia 20, às 22h. R$ 60 (com 1kg de alimento).
  • Disorder Rock Party: Madre (Casa de Espanha). Rua Vitório da Costa 254, Humaitá. Sex, às 22h. R$ 20 (antecipado e até meia-noite) e R$ 35, Sympla.
  • Jovens Idosos: Vizinha 123. Sáb (6), às 21h. R$ 30 (2º lote, Sympla).
  • Salve Simpatia: Vista Bar (Maguje). Jockey Club, Gávea. Dia 20, às 21h. R$ 50 (1º lote, Sympla).
  • Terapia: Vista Bar, Jockey. Sáb (6), às 21h. R$ 70 (antecipado) ou R$ 80 (na hora), via Sympla.
  • Ultrasound: Lado B Rock Bar. Travessa dos Tamoios 7, Flamengo. Dias 12 e 19, às 19h. Grátis.

You Must Dance: pop, rock e MPB sem naftalina — Foto: Divulgação
You Must Dance: pop, rock e MPB sem naftalina — Foto: Divulgação

O que toca nas festas

Jovens Idosos (DJ Dodô)

  1. “Psycho killer” — Talking Heads
  2. “Faith” — George Michael
  3. “Lithium” — Nirvana
  4. “Just like heaven” — The Cure
  5. “Palco” — Gilberto Gil
  6. “Back on the chain gang” — Pretenders
  7. “Lovefool” — Cardigans
  8. “Don’t stop me now” — Queen
  9. “Murder on the dancefloor” — Sophie Ellis-Bextor
  10. “Dancing queen” — Abba

Terapia (DJ Janot)

  1. “Bloco do prazer” – Felipe El e Clara Buarque
  2. “Lucro/Descomprimindo” – BaianaSystem
  3. “O meu sangue ferve por você” – Sidney Magal
  4. “Caetano Veloso” – Johnny Hooker
  5. “Tá escrito” – Xande de Pilares
  6. “Blinding lights” – The Weeknd
  7. “Feel it still” – Portugal. The Man
  8. “Psycho killer” – Duran Duran
  9. “Don’t you want me” – Human League
  10. “Bette Davis Eyes” – Kim Carnes

Cocoon (DJ João Rodrigo)

  1. “Girls just wanna have fun – Cyndi Lauper
  2. “As long as you love me” – Backstree Boys
  3. “Take on me” – A-ha
  4. “Wannabe” – Spice Girls
  5. “Smells like teen spirit” – Nirvana
  6. “Spring love” – Stevie B
  7. “Like a prayer” – Madonna
  8. “Nosso sonho” – Claudinho e Buchecha
  9. “Olhar 43” – RPM
  10. “Pintura íntima” – Kid Abelha

Salve Simpatia (DJs João Rodrigo e Chu)

  1. “A sombra da maldade” – Cidade Negra
  2. “Quero te encontrar” – Claudinho e Buchecha
  3. “À francesa” – Marina Lima
  4. “A luz de Tieta” – Caetano Veloso
  5. “Garota nacional” – Skank
  6. “Tá escrito” – Revelação
  7. “Pequena Eva” – Banda Eva
  8. “Mila” – Netinho
  9. “Glamurosa” – Mc Marcinho
  10. “Não quero dinheiro” – Tim Maia

Bauhaus (DJ Edinho)

  1. “It’s no good” – Depeche Mode
  2. “Tear you apart” – She Wants Revenge
  3. “A forest” – The Cure
  4. “How soon is now?” – The Smiths
  5. “Head on” – The Jesus & Mary Chain
  6. “This Picture” – Placebo
  7. “True Faith” – New Order
  8. “Gallowdance” – Lebanon Hanover
  9. “Destroy everything you touch” – Ladytron
  10. “To lose my life” – White Lies

Ultrasound (DJ Edinho)

  1. "Duel" – Propaganda
  2. "Made of the storm" – Universal Honey
  3. "Complex" – The Chills
  4. "Sweet release" – The Coral
  5. "Leila" – Miami Horror
  6. "Nostalgia machine" – Soft Cell
  7. "Unnecessary drama" – Belle and Sebastian
  8. "Left handed" – Gene
  9. "Kleptocracy" – Orchestral Manouevres in the Dark
  10. "Contact the fact" – The Sound

Com carinho, Rodrigo Penna

  1. “Remind me” – Emily King
  2. “Azul” – Gal Costa
  3. “Relax my eyes” – Abel Balder
  4. “Várias queixas” – Gilsons
  5. Asa Branca – Luiz Gonzaga (remix DaLua)

Bailinho (DJ Rodrigo Penna)

  1. “Apenas mais uma de amor” – Lulu Santos
  2. “Caso sério” – Rita Lee (remix Marky)
  3. “Dreams” – Fleetwood Mac
  4. “Fullgás” – Marina
  5. “Dog days are over” – Florence & The Machine

You Must Dance (DJ Thiago Mourão)

  1. “Mania de você” – Rita Lee (remix Dubdogz)
  2. ”Cold heart” – Elton John e Dua Lipa
  3. “Cabide” – Mart’nália (remix João Faria)
  4. “Diamonds” – Rihanna (samba version)
  5. ”Take on me” – A-ha
  6. “I cannot believe it’s true” – Phil Collins
  7. “Bizarre love triangle” – New Order
  8. “Anunciação” – Alceu Valença (Jopin remix)
  9. “Everybody dance” – Chic remixed by Cedric Gervais
  10. “Banho de folhas” – Luedji Luna (Maz remix)

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