A relação de Dudu Nobre com a Marquês de Sapucaí é “visceral”, como ele descreve: ainda criança, o sambista viu de perto a construção do Sambódromo, em 1983. De lá para cá, ele já desfilou na Mocidade, no Salgueiro, no Império... O músico é a grande atração desta quinta-feira (29), no Vivo Rio, da festa do Estandarte de Ouro, que premia os melhores do carnaval 2024 e encerra a folia. Em entrevista ao GLOBO, o artista, que foi comentarista da TV Globo por dez anos, fala sobre a sua devoção pelo carnaval e pelo Sambódromo, que ele considera ser "um lugar sagrado".
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Carnaval 2024: Veja premiados do Estandarte de Ouro
— Comecei nas escolas mirins, com 10 anos. Depois, a ligação com a Marquês de Sapucaí, que é visceral, só foi aumentando. Eu cresci ali. Fui mestre-sala, ritmista, empurrei carro, cantei, fui na comissão de frente... só não fui baiana e passista porque não dá (risos) — conta Dudu. — Também fui crescendo como artista. A primeira vez que fui no Camarote Brahma (atual Nº 1), entrei de "penetra" com uns amigos (risos). Hoje, já faz sete anos que sou uma das atrações fixas do espaço. O Sambódromo é um lugar sagrado. Quando eu fizer a passagem, quero que as minhas cinzas sejam jogadas lá.
Desde sempre influenciado por Martinho da Vila, Beto Sem Braço e outros gigantes do samba, o músico também se vê, hoje, como influência para novas gerações de sambistas, e reflete:
— É muito gratificante chegar a esse ponto (de se tornar uma referência) porque mostra que a história do samba é uma fila que vai continuar andando e se renovando cada vez mais. Quero que surjam mais artistas e que o samba conquiste cada vez espaço.
O show
Além de se apresentar no Estandarte de Ouro, esta é também a primeira vez que Dudu vai ao “Oscar” do samba, como ele mesmo descreve — e as expectativas são as melhores possíveis. Sua irmã, a porta-bandeira Lucinha Nobre, já ganhou seis vezes o prêmio.
— Vai ser espetacular ser a trilha sonora dessa noite tão marcante para a "rapaziada" que ganhou o prêmio. Vou cantar hits da carreira, mas com ênfase nos sambas-enredo, claro — conta o artista, que tem no currículo trabalhos como o disco “Os mais lindos sambas-enredo de todos os tempos” (2007), com regravações de temas históricos como “O amanhã”, da União da Ilha do Governador(1978), e “Aquarela brasileira”, do Império Serrano (1964), que serão lembrados no palco em um “pout-pourri”.
A noite também terá apresentação de agremiações premiadas, como a Portela, eleita a melhor escola, com um enredo baseado no romance "Um defeito de cor", de Ana Maria Gonçalves, e a Estação Primeira de Mangueira, que homenageou Alcione e foi vencedora na categoria melhor bateria.
O Estandarte de Ouro é uma realização dos jornais O GLOBO e Extra, apresentado por Gulf Combustíveis, apoio técnico cultural de Riotur/Prefeitura do Rio e com o apoio de Supermercados Guanabara.
Vencedores do Estandarte de Ouro 2024
Grupo Especial
- Escola: Portela
- Bateria: Mangueira
- Ala de passistas: Mocidade
- Samba-enredo: Imperatriz Leopoldinense
- Enredo: Portela
- Comissão de frente: Viradouro
- Inovação: Cachoeira de Led do carro “A beleza Yanomami”, do Salgueiro
- Personalidade: Vilma Nascimento, da Portela
- Ala: “Sonhar com Rosas” da Imperatriz Leopoldinense
- Baianas: Beija-flor
- Puxador: Pitty de Menezes, da Imperatriz
- Revelação: Mestre Pablo, da Porto da Pedra
- Mestre-sala: Phelipe Lemos, da Imperatriz Leopoldinense
- Porta-bandeira: Rafaela Theodoro, da Imperatriz Leopoldinense
- Destaque do público: Samuel de Assis como Rás Gonguila, da Beija-Flor de Nilópolis
Série Ouro
- Escola: Estácio de Sá
- Enredo: Estácio de Sá
- Fernando Pamplona: Abre-alas da Arranco do Engenho de Dentro
Programe-se
Onde: Vivo Rio, Parque do Flamengo. Quando: Qui, às 19h30. Quanto: de R$ 55 (pista) a R$ 110 (mesa compartilhada), com 1kg de alimento ou material escolar. Assinantes O GLOBO têm 50% de desconto. Classificação: 18 anos.