Shows e concertos
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Por — Rio de Janeiro

No rádio e na televisão, no final da década de 1970, quem “dominava” era a disco music americana. Temendo pelo futuro da música popular brasileira, João Nogueira, à época com 37 anos, fundou, no quintal de casa, no Méier, o Clube do Samba. Por lá, passaram nomes como Beth Carvalho, Cartola, Dona Ivone Lara, Clara Nunes e muito mais. O samba, como bem sabemos, não morreu. Em entrevista ao GLOBO, o seu filho, o também sambista Diogo Nogueira, falou sobre as saudades que sente do pai e a maneira como lida com as comparações entre os dois, além de celebrar o legado deixado por ele.

— Saudade a gente sempre sente, apesar de ele ter falecido bem jovem (aos 58 anos, em 2000) e eu também ser bem jovem na época, com 19 anos, me tornando adulto. Meu pai foi um cara muito inteligente, que defendia os seus ideais de forma bem forte, mas positiva, e eu admiro muito isso na história dele — conta Diogo. — Ele me ensinou a ser uma pessoa de caráter, honesta, a ter o direito de ser um cidadão e de ter a democracia presente em tudo.

Sobre as constantes comparações entre ele e o pai, Diogo é enfático ao dizer, entre algumas risadas, que não se importa.

— Não estou nem aí. Caguei (risos). Tenho o timbre parecido com o dele, isso é um fato, mas se eu tivesse me preocupado com esses comentários, talvez nem estivesse aqui — comenta. — É claro que é bom ser comparado a um artista consagrado, mas existem comparações e comparações. Então, pego a parte boa e deleto a ruim. Tudo que é ruim você tem que deletar na sua vida.

O Clube do Samba criado por João segue vivo, hoje com sede no Centro Cultural João Nogueira (o antigo Imperator), sob o comando de Angela e Clarisse Nogueira, mãe e irmã de Diogo, e completa 45 anos em maio. Para comemorar, o cantor se apresenta na Cidade das Artes, na Barra, com Xande de Pilares, no dia 5 de maio.

— Eu me envolvo em todas as partes (do Clube). Cerca de 120 crianças sem condições financeiras têm aulas gratuitas de teatro, violão, cavaquinho, percussão... E tudo isso com uma estrutura que era o sonho do meu pai — conta.

Lá, as crianças também aprendem sobre “a importância do samba e da música para cada cidadão”, bandeira levantada em 1979 por João Nogueira e defendida com unhas e dentes por Diogo e sua família:

— A cultura é fundamental para qualquer ser humano desse país, que é um dos mais culturais do mundo. Ela educa, dá caráter e faz com que tenhamos dignidade. Um país sem arte e cultura não é um país, é um nada.

Programe-se

Onde: Cidade das Artes. Av. das Américas 5.300, Barra. Quando: 5 de maio, às 16h. Quanto: de R$ 150,00 (pista) a R$ 290,00 (camarote 1), 2º lote, pelo Sympla. Classificação: 18 anos.

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