Rio Show

Um passeio pelos últimos 40 anos da arte brasileira na coleção Andrea e José Olympio Pereira

Com 119 obras de 68 artistas, mostra inaugurada no CCBB destaca a produção de artistas como Waltercio Caldas, Adriana Varejão e Nuno Ramos
'Como se fosse verdade', instalação de Barbara Wagner e Benjamin de Burca Foto: Renato Parada/Divulgação
'Como se fosse verdade', instalação de Barbara Wagner e Benjamin de Burca Foto: Renato Parada/Divulgação

RIO —  As oito salas da mostra “1981/2021: arte contemporânea brasileira na coleção Andrea e José Olympio Pereira”, inaugurada hoje no Centro Cultural Banco do Brasil, oferecem ao público não apenas um recorte do que aconteceu na produção nacional nas últimas quatro décadas, mas também um olhar sobre a constituição de um acervo. Entre os principais conjuntos privados do país e um dos dois nacionais a figurar na lista dos 200 maiores colecionadores do mundo de 2020 da revista “ARTnews”, o acervo do presidente do banco Credit Suisse no Brasil e sua mulher teve início na década de 1980, com obras de modernistas, e aos poucos foi recebendo a produção do período pós-concretista.

— Uma vez, num jantar, comentei sobre uma obra de que gostei, mas não tinha espaço em casa. Então o ( escultor paulistano ) José Resende disse: “Se você limitar seu interesse em arte ao espaço das suas paredes, ele acaba muito rápido”. Ali entendi que nós havíamos formado uma coleção de fato, e o critério “onde vou colocar” deixou de ser relevante — recorda José Olympio, que em 2018 foi eleito presidente da Fundação Bienal de São Paulo .

'Azulejaria com incisura vertical' (1999), de Adriana Varejão Foto: Romulo Fialdini/Divulgação
'Azulejaria com incisura vertical' (1999), de Adriana Varejão Foto: Romulo Fialdini/Divulgação

A partir de então, as novas aquisições migraram da casa dos cariocas radicados em São Paulo desde os anos1990 para um apartamento comprado em 2001 para servir também como área expositiva, na Avenida São Luís. Em 2018, as obras passaram para o Galpão Lapa, comprado no bairro paulistano de mesmo nome, que já sediou exposições curadas por Paulo Miyada, do Instituto Tomie Ohtake, e Júlia Rebouças, da Oficina Cerâmica Francisco Brennand .

— Na Avenida São Luís, organizávamos as obras nós mesmos. Mas é outra experiência ver o recorte de um curador. É um outro olhar sobre o nosso próprio olhar — diz Andrea, em entrevista por Zoom, junto ao marido.

'Maloca' (1981-2005), foto de Claudia Andujar Foto: Divulgação
'Maloca' (1981-2005), foto de Claudia Andujar Foto: Divulgação

Para a mostra no CCBB, o curador Raphael Fonseca selecionou, entre as 2,5 mil obras da coleção, 119 trabalhos de 68 artistas, incluindo nomes como Waltercio Caldas , Adriana Varejão , Nuno Ramos , Laura Lima , Claudia Andujar e Marcos Chaves. Divididas em núcleos não cronológicos, as obras são agrupadas por características como paisagem, movimento e a relação entre o documental e a ficção.

— Fui convidado em janeiro, foi um processo bem rápido, que acabou sendo feito mais à distância, por conta da pandemia — conta o curador. — É uma oportunidade para o público ter acesso a obras e artistas que ainda estão mais restritos às coleções particulares, sem uma presença tão forte nos acervos públicos.

Inicialmente programada para 24 de março, a coletiva foi adiada por três semanas por conta das restrições adotadas pela prefeitura para conter o aumento de casos de Covid-19. O CCBB retoma as atividades com agendamento on-line e restrição de 20% da capacidade de público, entre outros protocolos sanitários.

Onde: CCBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (3808-2020). Quando : Qua a seg, do meio-dia às 18h. Até 26 de julho. Quanto : Grátis (agendamento no site eventim.com.br). Classificação :Livre.