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Por Letícia Messias*


A ginecologista e obstetra Marianne Pinotti responde dúvidas sobre candidíase, doença que acomete três a cada 10 mulheres — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
A ginecologista e obstetra Marianne Pinotti responde dúvidas sobre candidíase, doença que acomete três a cada 10 mulheres — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Coceira, vermelhidão e maior concentração de corrimento na vagina. Esses são alguns dos sintomas mais comuns da candidíase vaginal, uma infecção causada pelo fungo Cândida albicans. Embora os casos sejam comuns, o uso de antifúngicos deve ser controlado por médicos. Veja, a seguir, as principais dúvidas respondidas pela ginecologista e obstetra Marianne Pinotti sobre a doença que acomete três a cada 10 mulheres.  

O que é candidíase? 

É uma infecção por Cândida, um fungo que já é habitante normal da nossa pele, mucosa e intestino. Ele faz parte da flora de microrganismos que regula o funcionamento do nosso corpo. O que acontece, às vezes, é que há um desequilíbrio da flora, e a Cândida passa a ser um patógeno, causando uma infecção.  

Quais os sintomas? Como saber se está com candidíase? 

O sintoma mais comum é a coceira. Além disso, há maior secreção, parecida com a nata do leite. Na calcinha, o corrimento é em grande volume e pode parecer esverdeado ou amarelado. E, na vagina, há placas que grudam na parede da região. Essas placas têm muitos microrganismos e causam uma inflamação. Quando a candidíase é aguda, a pessoa fica incomodada com a coceira e secreção. É um quadro de urgência ginecológica, pois é preciso resolver rapidamente por conta do forte incômodo.

Como é o tratamento? Quanto tempo ele dura? 

É realizado com o uso de antifúngicos, como cremes vaginais, pomadas para passar na região externa e, também, comprimidos orais. O mais usado é o Fluconazol, que pode ser tomado em dose única ou, se necessário, em mais vezes. Ele auxilia no tratamento, principalmente quando o quadro é agudo. Em 24h fazendo o tratamento correto, os sintomas melhoram, por isso é importante procurar um médico rapidamente.  

Quem está com candidíase pode ter relações sexuais? 

Quando é uma candidíase leve, que muitas vezes ocorre antes ou depois da menstruação, o sexo não atrapalha. Mas, quando é aguda, a mulher deve evitar a atividade sexual, principalmente porque toda a mucosa vaginal fica muito inflamada e sensível, então pode machucar e causar infecções secundárias. E, se for muito grave, a mulher não consegue ter relações sexuais, porque machuca. Então, é melhor tratar, esperar uns dias e, depois, voltar à atividade sexual normal.  

Por que não é recomendada a relação sexual durante o tratamento? 

Primeiro, por causa do processo inflamatório intenso. Segundo, porque os cremes que colocamos dentro da vagina, na relação sexual, saem. E aí o tratamento não é tão efetivo. Então, em geral, pedimos para suspender a atividade sexual durante o tratamento. 

E quando a relação sexual é entre mulheres, a recomendação é a mesma? 

No caso de relação sexual entre duas mulheres, há mais risco de manter a infecção. Não é exatamente de transmissão, mas de manter a infecção do casal, porque a mulher tem uma área de mucosa mais exposta, então consegue proliferar o fungo com mais facilidade. Nesses casos, o ideal é ficar sem atividade sexual até resolver a infecção. 

A candidíase pode acometer outras regiões do corpo?  

A candidíase é mais comum na mucosa da vagina, mas também pode ocorrer na mucosa oral, ou seja, na boca, causando o que conhecemos como “sapinho”. Além disso, ela pode estar presente em outras regiões, como a pele, a mucosa da região retal e orofaringe, principalmente em pessoas que têm menos resistência local. Pessoas imunossuprimidas podem ter candidíase em outros lugares também.  

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Quais os riscos de postergar a procura por tratamento? É possível que a candidíase evolua para algo mais grave?  

O risco principal de postergar o tratamento é o incômodo, que piora. De grave, a candidíase pode afetar a resistência local e gerar infecções associadas, como a vaginite bacteriana e a infecção urinária, por conta de processos inflamatórios na vulva e na uretra, quando as bactérias entram na bexiga. É preciso tratar o quanto antes para evitar infecções secundárias.  

Quais os principais mitos em relação à candidíase?  

O primeiro mito é que a candidíase é uma doença sexualmente transmissível. Ela pode ser transmitida, principalmente se a infecção é grave. O homem pode ter sintomas também, principalmente ardência e coceira na região do pênis, além de ficar com uma carga grande de cândida dentro da uretra, de modo que, ao ter relação com outras pessoas, pode facilitar a infecção. Mas a candidíase é, principalmente, uma doença que chamamos de oportunista. Ela ocorre por uma baixa resistência do organismo — como acontece em períodos pré-menstruais, por exemplo.  

O que é candidíase de repetição e por que ela ocorre? 

O nome já remete ao fato de ser de difícil controle. Quando tratamos, o paciente fica uma semana bem e, depois, os sintomas voltam. Isso faz com que o microrganismo gere uma resistência aos antifúngicos. Assim, tratamos com um tipo de remédio e, depois, ele não funciona mais, e então ficamos sem opções terapêuticas.  

O importante, nesses casos, é descobrir a causa da candidíase de repetição. Em geral, ela tem a ver com a baixa resistência local — seja em períodos pré-menstruais ou quando se tem uma gripe ou toma antibióticos repetidamente, por exemplo, o que sabemos que mata a flora bacteriana e faz com que a candidíase tenda a crescer. Há, ainda, causas de baixa resistência geral, como em pacientes com doenças ou que fazem o uso de remédios que causam a imunossupressão, principalmente no uso contínuo de corticoides. Na menopausa e climatério, quando há a diminuição da produção do hormônio vaginal, também há uma queda na resistência local que pode gerar a candidíase de repetição. Então, várias são as causas, e é importante descobrir esta motivação para, assim, fazer o tratamento correto.  

Hábitos de vida e higiene pessoal impactam de que maneira? 

O uso de calças muito apertadas ou roupas de lycra, produtos perfumados (como sabonetes e absorventes) e tudo o que possa ter alguma reação alérgica pode favorecer o aparecimento. Um estudo da Universidade de São Paulo mostra, também, três grupos alimentares que podem facilitar a candidíase: doces, leite (e derivados) e frutas ácidas. É claro que isso depende de cada mulher, então é importante que ela observe se há alguma influência direta no corpo.  

O que é candidíase masculina?  

Ela é mais rara, porque o homem não tem mucosa exposta. Mas pode ocorrer na região intra uretral e machucar a pele. O sintoma principal é coceira e ardência na região do pênis, e o tratamento é, em geral, via oral, além do uso de pomadas nas regiões que mais ardem e coçam.  

* Com a supervisão de Adriana Dias Lopes

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