Saúde Vacina

Bolsonaro diz que não vai vacinar sua filha de 11 anos: 'Espero que não haja interferência do Judiciário'

Presidente afirmou que há 'muita dúvida' sobre imunização de crianças contra a Covid-19
O presidente Jair Bolsonaro e sua filha caçula, Laura Foto: Reprodução/Twitter
O presidente Jair Bolsonaro e sua filha caçula, Laura Foto: Reprodução/Twitter

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que espera que não haja "interferência" do Judiciário na vacinação de crianças contra a Covid-19 e que sua filha mais nova, Laura, de 11 anos, não será imunizada.

— Espero que não haja interferência do Judiciário. Espero. Porque minha filha não vai se vacinar. Deixar bem claro. Tem 11 anos de idade — disse Bolsonaro, pouco após chegar a São Francisco do Sul (SC), onde passará uma semana de folga.

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Bolsonaro afirmou que ainda há "muita dúvida" no mundo inteiro sobre o tema, apesar de diversos países já imunizarem essa faixa etária.

— A questão da vacina para criança é muito incipiente ainda. Temos muito…Nós, não. O mundo ainda tem muita dúvida.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, mas o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, resistem em iniciar a imunização desse público, com o argumento de que não há urgência.

O governo federal está realizando uma consulta pública sobre a questão e anunciará uma decisão no dia 5 de janeiro. O mesmo procedimento não foi utilizado na liberação de vacinas para outras faixas etárias.

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal deve apresentar esclarecimentos sobre a inclusão ou não de crianças no plano de vacinaçao até o dia 5 de janeiro. O prazo inicial terminaria na semana passada, mas foi prorrogado atendendo a um pedido do governo.

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Em outra decisão, Lewandowskideu cinco dias para que o Ministério da Saúde explique por que quer exigir dos pais e responsáveis legais a apresentação de prescrição médica para permitir a vacinação.

Apesar da posição de Bolsonaro, a responsável pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid), Rosana Leite de Melo, afirmou ao STF que a versão infantil da vacina não teve "nenhuma preocupação séria de segurança" identificada nos testes clínicos.

Em nota técnica enviada à Corte, a secretária ressaltou que as vacinas estão "sendo monitoradas quanto à segurança com o programa de monitoramento de segurança mais abrangente e intenso da história do Brasil" e que a análise técnica da Anvisa é feita de "forma rigorosa e com toda a cautela necessária".

Países como Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, França, Estados Unidos e Israel já aplicam vacinas nessa faixa etária.