Ciência
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Por O Globo — Rio de Janeiro

A síndrome do pânico é caracterizada pela recorrência dos chamados ataques de pânico – episódios de ansiedade extrema que provocam sintomas como taquicardia, falta de ar, medo excessivo e sudorese. Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Saúde Mental estima que 4,7% dos adultos vão lidar com o distúrbio em algum momento da vida. Agora, um novo estudo, publicado nesta quinta-feira na revista científica Nature Neuroscience, traz boas notícias para o combate ao problema.

Cientistas do Instituto Salk para pesquisas biológicas, nos Estados Unidos, descobriram uma via cerebral inédita que media os sintomas do transtorno. Além disso, identificaram que ela pode ser utilizada como um novo alvo para o desenvolvimento de tratamentos, conta o autor sênior do estudo, Sung Han, professor associado da Salk, em comunicado:

“Temos explorado diferentes áreas do cérebro para entender onde começam os ataques de pânico. Anteriormente, pensávamos que a amígdala, conhecida como o centro do medo do cérebro, era a principal responsável. Mas mesmo as pessoas que têm danos na amígdala ainda podem sofrer ataques de pânico, por isso sabíamos que precisávamos procurar outro lugar. Agora, encontramos um circuito cerebral específico fora da amígdala que está ligado a ataques de pânico e pode inspirar novos tratamentos para transtorno de pânico que diferem dos medicamentos atuais”.

De forma resumida, o novo circuito consiste em neurônios especializados que enviam e recebem um neuropeptídeo (pequena proteína que envia mensagens por todo o cérebro) chamado PACAP. Os pesquisadores descobriram que as células nervosas que produzem o PACAP são ativadas durante um ataque de pânico, e que esses neuropeptídeos, por sua vez, ativam receptores responsáveis por causar os sintomas comportamentais e físicos da síndrome do pânico.

No estudo, os cientistas foram além e observaram ainda que o neuropeptídeo e os neurônios envolvidos na via cerebral são possíveis alvos de drogas. Em modelos animais, eles inibiram esse circuito e, com isso, constataram uma redução dos sinais do problema. O achado é inicial, mas representa um caminho promissor para novas intervenções terapêuticas - algo que a equipe do Salk buscará.

Como o circuito foi identificado

Para identificar o novo circuito cerebral, os cientistas começaram examinando uma parte do órgão chamada núcleo parabraquial lateral, conhecida como centro de alarme do cérebro. A área controla fatores como respiração, frequência cardíaca e temperatura corporal. Por isso, os responsáveis pelo trabalho já imaginavam que ela estava envolvida nos sintomas dos ataques de pânico.

Durante o estudo, os pesquisadores do Salk descobriram que a região de fato produzia um neuropeptídeo, o PACAP, que era conhecido anteriormente por ser o principal regulador das respostas ao estresse. Mas a conexão entre essa expressão do PACAP e o desencadeamento dos sintomas do pânico ainda não estava clara. Por isso, os cientistas recorreram a camundongos.

Ao imitar ataques de pânico nos animais, eles confirmaram que, durante o espidódio, os neurônios que expressam os PACAP no núcleo parabraquial lateral foram ativados. E observaram que, em seguida, esses neuropeptídeos foram enviados para uma outra parte do cérebro chamada rafe dorsal.

Lá, residem outros tipos de neurônios que produzem receptores, que se conectavam justamente com os PACAP. Com isso, os neuropeptídeos ativaram esses receptores e eles, por sua vez, foram os responsáveis por causar os sintomas comportamentais e físicos do pânico nos camundongos.

A descoberta desse complexo circuito, e de que ele pode ser inibido com drogas, representam o primeiro passo para o objetivo dos pesquisadores de construir um mapa completo das regiões, neurônios e conexões do cérebro envolvidas na síndrome de pânico.

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