Quando aprendemos um novo idioma, é comum ter a impressão de que nativos conseguem produzir frases muito mais rápido do que seu cérebro consegue processar. Provavelmente, é a mesma impressão que os estrangeiros têm ao nos ouvir falar. Mas existem, sim, línguas faladas mais rapidamente do que outras.
Obviamente há uma variação entre as pessoas. Algumas pessoas falam devagar, enquanto outras cospem palavras como uma metralhadora. Há também uma variação individual, o ritmo da fala depende do ambiente, do seu humor e assim por diante.
Então como comparar um idioma com outro? A principal estratégia usada pelos cientistas é o número de sílabas pronunciadas por segundo. E foi assim que diversos estudos linguísticos chegaram à mesma conclusão: a língua mais rápida é o japonês.
Um estudo de 2011 realizado por pesquisadores da Universidade de Lyon analisou sete línguas diferentes e as classificou de acordo com suas sílabas por segundo. O Japão ficou em primeiro lugar com 7,84 sílabas por segundo, seguido pelo espanhol (7,82 sílabas por segundo), francês (7,18), italiano (6,99), inglês (6,19), alemão (5,97) e mandarim (5,18).
Um aspecto curioso é que a velocidade está ligada à quantidade de informação passada por cada sílaba. Outro estudo da Universidade de Lyon, em 2019, analisou 17 línguas diferentes da Europa e da Ásia em termos de informação por sílaba. Embora o japonês seja aparentemente falado rapidamente, ele não contém muitas informações em cada sílaba. Talvez, ponderam os pesquisadores, a língua seja falada mais rapidamente na tentativa de preencher as frases com mais significado.
“Encontramos evidências robustas de que algumas línguas são faladas mais rapidamente do que outras (por exemplo, os falantes de japonês e espanhol produzem cerca de 50% mais sílabas por segundo do que os falantes de vietnamita e tailandês). Além disso, algumas línguas 'contêm' mais informações por sílaba devido à sua fonologia e gramática (por exemplo, o inglês tem cerca de 11 vezes mais tipos de sílabas do que é possível em japonês)", disse Dan Dediu, coautor do estudo de 2019, em um comunicado.
"No entanto, e mais importante ainda, existe uma compensação entre as duas, de modo que as línguas 'leves em informação' são faladas mais rapidamente do que as línguas 'densas em informação', equilibrando-se a uma taxa de cerca de 39 bits/segundo em todas as línguas em nossa amostra. Uma loucura, não é?" acrescentou François Pellegrino, principal autor do estudo.