Muita calma e sabedoria na hora de gastar o álcool gel ou líquido 70% . Consultor da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), o engenheiro químico Thiago Lopes faz um alerta:
— Está faltando álcool adequado nos hospitais brasileiros porque ele foi usado para limpar carrinhos de supermercado ou outras superfícies que poderiam ser tranquilamente higienizadas com desinfetantes de uso geral, inclusive com um custo bem mais barato. As pessoas estão usando álcool gel indiscriminadamente, quando deveriam guardar para as mãos — explica o engenheiro, gerente técnico da Spartan Brasil, empresa que desenvolveu o produto utilizado na tecnologia que fez a descontaminação do novo coronavírus em um resort em Tenerife, na Espanha.
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No contexto da pandemia da Covid-19 , álcool gel vale, por exemplo, para limpar as mãos antes de entrar e depois de sair do ônibus, trem, metrô ou táxi, mas não para limpeza dos veículos. No transporte público, também é importante manter o distanciamento de outras pessoas e deixar as janelas sempre abertas, como orienta a médica infectologista Tânia Vergara, presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro:
— As pessoas não podem, nesses transportes, descuidar de medidas como higienizar as mãos, evitar colocar as mãos no rosto e se afastar o máximo dos outros — diz a médica, chamando atenção para cuidados com o compartilhamento do espaço, quando inevitável.
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Para a higienização de carros, particulares ou de uso compartilhado, a recomendação é que ela seja feita com detergente neutro e desinfetantes de uso geral, vendidos no varejo, reconhecidos e registrados pelo Ministério da Saúde.
A limpeza deve ser feita regularmente para eliminar o vírus das superfícies e evitar a disseminação da doença.
Limpeza em etapas
Para a limpeza dos carros, Thiago Lopes também chama a atenção para duas etapas do processo: antes da desinfecção em si, é necessária uma limpeza geral da superfície do veículo, com sabão ou detergente neutro, para eliminar as sujeiras aparentes. Só depois, fazer a desinfecção.
— Muita gente está fazendo apenas a desinfecção do carro. Sem fazer esta limpeza prévia, a eficiência do desinfetante é menor. Existe uma competição, e o desinfetante não sabe onde vai agir, e parte dele é consumida pela sujeira maior. Tem gente usando o produto correto, mas de forma errada— afirma Thiago.
Segundo o engenheiro químico, o uso de soluções com água sanitária pode ser eficiente. Mas, de forma indiscriminada, gera danos à saúde — além de danificar, a médio e longo prazo, a superfície do automóvel.
Ainda tem dúvidas sobre cuidar do próprio carro para que ele não seja um transporte para a doença? Quer saber como utilizar o transporte público (seja ele coletivo, táxi ou carro de aplicativos), de forma mais segura e responsável?
No quadro abaixo, os dois especialistas dão orientações sobre como tornar este caminho pelas ruas menos arriscado, quando não é possível fazer o isolamento em casa e se distanciar por completo de outras pessoas.
Cuidados com os transportes:
- Se o carro é seu e você tem a certeza de que a higiene interna está em dia, este é o melhor meio a se usar nos deslocamentos nas ruas.
- Se a distância até seu destino é curta e a rua estiver vazia, você pode ir a pé até ele. Mas tome o cuidado de se manter a dois metros de distância de outras pessoas.
- Se você precisar usar um transporte público - seja trem, ônibus ou metrô -, opte por horários de menor pico, quando há menos pessoas circulando. Se puder, sente-se afastado de outras pessoas ou até se mantenha em pé, se só assim conseguir este distanciamento.
- Em ônibus e trem (se possível) e em táxi e carros pedidos por aplicativo, mantenha as janelas abertas.
- Janelas abertas são melhor opção que o ar-condicionado. Mas se for usar o ar, cuide para a manutenção e higienização do mesmo, de forma a não agravar condições de problemas respiratórios.
- Ao usar um transporte público ou táxi/carro de aplicativo, higienize as mãos com álcool gel ao entrar e ao sair do mesmo. Evite tocar nas superfícies desnecessariamente e não leve as mãos aos olhos e à boca.
- Não é o momento de pedir, em aplicativos, corridas em pool (com pessoas que você não conhece) para economizar.
- Evite dar ou receber caronas, neste momento.
- O limite de pessoas dentro de um carro é aquele que permite distanciamento. Caso seja impossível, use máscaras caseiras em todos, com o cuidado ao colocar, tirar, guardar e higienizar.
- Faça uma limpeza de todas as superfícies de seu carro, eliminando a sujeira aparente, com pano úmido e detergente neutro. Só então parta para a segunda etapa de higienização, que vai eliminar microorganismos, com desinfetante comercializado no varejo formal, na categoria "uso geral". Deixe o álcool gel para as mãos e esqueça a água sanitária, que, além de mais agressiva para a pele, pode danificar superfícies metálicas e em tecido do automóvel.
- Mantenha a limpeza periódica, com desinfetante de uso geral, de superfícies muito tocadas, como maçanetas, volante, câmbio, controles para subir e baixar os vidros, controles de multimídia etc. Se tiver de levar seu carro para a oficina para algum reparo, faça esta limpeza assim que o receber de volta.
- Se usar serviços de terceiros para a higienização do seu carro, procure empresas de confiança e certifique-se dos cuidados que estão sendo tomados no serviço com a pandemia. Verifique se a empresa está fazendo as duas etapas de higienização: primeiro, a limpeza geral das superfícies; depois, a desinfecção.
- Evite serviços de manobristas para seu carro.
- Em postos de abastecimento, se tiver que dar as chaves para o frentista, higienize as mãos com álcool gel depois de recolocá-las na ignição. Faça o mesmo após pegar em dinheiro ou no cartão.