Saúde Coronavírus

Datafolha: Uso de máscaras em locais abertos divide população

Levantamento mostra que 52% são contra a obrigatoriedade e 48% são a favor do uso
Uso de máscaras em locais abertos divide população Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
Uso de máscaras em locais abertos divide população Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

RIO — O uso de máscaras em locais abertos divide a população brasileira. É o que mostra um levantamento do Datafolha divulgado na terça-feira. A pesquisa aponta que 52% são contra a obrigatoriedade e 48% são a favor do uso. A proteção é alvo de controvérsia enquanto o número de casos de Covid-19 cai no Brasil, mas há preocupação em relação à variante Ômicron e com surtos de gripe registrados em alguns estados.

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Conforme o levantamento, 48% dos entrevistados defendem que o uso de máscaras deveria ser obrigatório tanto em lugares abertos como nos fechados. Para 44%, o acessório só deveria ser exigido em ambientes fechados. Outros 8% avaliam que deveria deixar de ser obrigatório em qualquer local, e 1% afirma que não sabe.

O levantamento foi realizado entre os dias 13 e 16 de dezembro, com 3.666 entrevistas em 191 municípios por todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Na segunda-feira, o aumento de casos de influenza e o avanço da nova cepa do coronavírus fez o governo de São Paulo prorrogar o uso obrigatório de máscaras no estado até 31 de janeiro de 2022.

No Rio, a norma que obrigava o uso da proteção em locais abertos foi revogada no fim de outubro . Em dezembro, a Alerj também aprovou a dispensa do uso de máscaras em academias .

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Medida também divide especialistas

O Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, é transmitido principalmente pelo ar. Ou seja, a via predominante de infecção é a inalação de pequenas partículas contaminadas, emitidas quando uma pessoa infectada respira, fala, espirra ou tosse. Em ambientes abertos e bem ventilados, essas partículas tendem a se dispersar, o que reduz consideravelmente o risco de contaminação. Já em locais fechados e mal ventilados, elas se acumulam. Daí a decisão de retirar sempre primeiro a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre.

Estudos indicam que mais de 99% das transmissões ocorrem em locais fechados e menos de 1% em áreas externas. No entanto, a decisão de retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambiente aberto ainda divide especialistas. Há quem considere precoce e quem considere que já está na hora de tentar voltar a alguma normalidade.

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Para o médico geneticista Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika, em Curitiba, agora é um bom momento para flexibilizar a obrigatoriedade do uso de máscaras nestes ambientes e analisar os efeitos dessa decisão.

— Ninguém sabe se é seguro ou não retirar a obrigatoriedade de máscaras ao ar livre. Sabemos que o vírus está circulando porque ainda tem muito caso e morte de Covid-19 no Brasil, mas todos os indicadores estão baixando consistentemente. Em algum momento vamos precisar tentar voltar ao normal e agora é um bom momento para testar isso em ambientes abertos — diz o médico.

O infectologista Alberto Chebabo, vice-diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), acredita que em locais com baixa circulação viral, baixo número de casos, internações e casos graves, como a região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, a retirada da máscara ao ar livre é uma medida segura. Mas ele ressalta que o item ainda precisa ser utilizado em locais com aglomeração, mesmo que ao ar livre.

— Em um ponto de ônibus no horário do rush ou na estação de trem, as pessoas precisam continuar usando — orienta o médico.