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Começa hoje, dia 14, a publicação de relatos da nova seção do GLOBO, ‘Conte sua história de amor’, enviados pelos nossos leitores.

Inspirado na coluna de sucesso Modern Love, do The New York Times, o projeto abrigará as mais variadas histórias de amor, seja pelo grande amor da sua vida, aquele vizinho parceiro, uma irmã, pais que já se foram, professora de infância, um bichinho de estimação. A cada 15 dias, o conteúdo será publicado na versão online, às quintas-feiras. No jornal impresso aos sábados.

Você também pode participar! É só mandar seu relato, com no mínimo 2 mil caracteres e no máximo 5 mil, para o e-mail [email protected]. É preciso se identificar e mandar um telefone para contato. No entanto, caso prefira, a publicação pode ser anônima.

As histórias selecionadas pela nossa equipe serão publicadas na versão impressa e digital do jornal. Não é preciso ser escritor, apenas ter um conteúdo rico, verdadeiro e com emoção genuína.

Conte para a gente como ela começou. Foi uma faísca ou algo construído com o tempo? Quais sentimentos foram surgindo e no que eles mudaram sua vida? Há traições, revelações, separações? Reencontros. Dores. Tudo que faz dela única.

A seguir, a grande história de amor de Teresa Souza. Leia e participe!

"O mundo esotérico sempre me fascina. Já fui a muitos tarólogos e sei até um pouco sobre os arcanos do tarot e, de vez em quando, mexo em meu baralho para arriscar um jogo com amigos ou apenas para mim mesma. Há muitos anos, fui a um tarólogo que muitas amigas da época estavam indo. Esse era danado.

Ilustração da secão Conte sua história de amor, texto sobre tarot — Foto: Rata / Arte
Ilustração da secão Conte sua história de amor, texto sobre tarot — Foto: Rata / Arte

Era minha primeira vez com ele, era um senhor, jogava tarot, baralho cigano, conhecia cabala, era um bruxo mesmo. Abriu as cartas e me disse que eu conheceria um rapaz moreno, um tipo cigano, mais jovem do que eu e que iria virar a minha vida de cabeça para baixo. Falou com muita propriedade e eu acreditei, mas saí de lá sem saber se tinha gostado da notícia ou não. Minha filha era pequena, eu estava separada e pensar em outra pessoa com as características que ele falou me deu um frio na barriga.

Mas a gente fica sugestionada a acreditar e passei a olhar com outros olhos todos os homens mais jovens que se aproximavam de mim ou que estavam no mesmo ambiente que eu. Foi tanta maluquice que uma vez, em uma loja de sucos no Leblon, um belo moreno se aproximou para pedir que eu passasse o açúcar e elogiou a beleza da minha filha. Pronto, foi o suficiente para que eu fizesse todas as fantasias do tarólogo na minha cabeça. Claro, nada aconteceu, e minha filha, tadinha, ainda passou mal com o suco de morango que tomou. Resolvi esquecer essa bobagem e seguir em frente.

Até que, meses depois da consulta, fui com amigos assistir a uma apresentação do Grupo Corpo, de Belo Horizonte, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Quando chegamos, observei um rapaz alto de cabelos longos que fumava na escada da frente do teatro. Tinha cerca de dez anos a menos que eu e foi o homem mais lindo que já conheci. Ele também me olhou, sorriu e me acompanhou com os olhos. Mas parecia esperar alguém.

No intervalo do espetáculo, saí para ir ao banheiro e comprar uma água. Ao puxar a pesada cortina de veludo vermelho do camarote em que estávamos, dei de cara com o mesmo rapaz da entrada do teatro fumando um outro cigarro. Ele sorriu e se aproximou, estava sozinho pois tinha levado um bolo da namorada. Comentamos da coincidência do nosso reencontro, a conversa fluiu e eu o chamei para sentar conosco. Depois do espetáculo, fomos todos tomar um chopp num bar próximo e ele me convidou para uma festa em Santa Teresa. Eu aceitei.

Quando chegamos, havia guirlandas decorando o ambiente, luzinhas penduradas, pessoas dançando, ele mesmo era meio hippie. Foi nesse instante que caiu a ficha e lembrei do tarólogo. Ele era artista, não tinha endereço fixo, tinha uma ex-namorada grávida e era uma pessoa do mundo.

Ficamos juntos quatro anos, vivemos uma história ótima, boa no começo e depois sofrida. Ele virou mesmo a minha vida de ponta-cabeça. Viajamos para lugares que não conhecia, encontrei pessoas diferentes, mas de repente ele sumia. Até que chegou uma hora que ele foi viver a vida cigana dele, com alma livre e eu segui meu caminho. E a pergunta que sempre me fiz: foi o destino ou o acaso? Não sei, só sei que as cartas não erram."

Por Teresa Souza

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