Saúde

Hábito de fumar cai em 36% entre os brasileiros nos últimos 11 anos

Dados do Ministério da Saúde mostram que fumantes eram 15,7% da população em 2006 e passaram para 10,1% em 2017
Fumo é mais frequente entre homens e entre pessoas das regiões Sul e Sudeste Foto: Shutterstock
Fumo é mais frequente entre homens e entre pessoas das regiões Sul e Sudeste Foto: Shutterstock

RIO - A proporção de fumantes na população adulta brasileira caiu de 15,7% para 10,1% entre 2006 e 2017, uma redução de 36%, mostra pesquisa feita pelo Ministério da Saúde e divulgada nesta quarta-feira, véspera do Dia Mundial Sem Tabaco. O levantamento, Vigitel 2017 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), envolveu 53.034 entrevistas com moradores das 26 capitais de estados e do Distrito Federal.

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Em 2016, a fatia de adultos que fumava no país era de 10,2%. Um ano mais tarde, houve queda de apenas 0,1 ponto percentual. Quando separada por gênero, a prevalência de fumantes em 2017 é maior entre homens (13,2%) do que mulheres (7,5%).

Já por faixa etária, as proporções de fumantes entre as pessoas com 18 a 24 anos (8,5%) e 35 a 44 anos (11,7%) apresentaram aumento em relação a 2016, quando eram de 7,4% e 10%, respectivamente. A pesquisa também aponta que o hábito de fumar foi mais observado em 2017 em quem tem menos escolaridade, 13,2%, caindo para 7,4% entre os que têm 12 anos ou mais estudo.

A pesquisa também mostrou que as capitais do país com maior prevalência de fumantes são Curitiba (15,6%), São Paulo (14,2%) e Porto Alegre (12,5%). Salvador, por sua vez, foi a capital com menor prevalência de adultos que fumam (4,1%).

REDUÇÂO É FRUTO DE TRABALHO DE DÉCADAS

Na avaliação do próprio ministério, a redução no consumo do tabaco no Brasil é resultado de uma série de ações desenvolvidas pelo governo federal para combater o tabagismo. A política de preços mínimos é um exemplo, pois está diretamente ligada à redução do consumo do cigarro em todas as faixas etárias. Considerando que a experimentação de cigarro entre os jovens é alta e que cerca de 80% dos fumantes iniciam o hábito antes dos 18 anos, o preço é um inibidor.

Outra ação apontada como efetiva foi a legislação antifumo que proibiu o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos e outros produtos fumígenos derivados ou não do tabaco, incluindo narguilês, em ambientes de uso coletivo, públicos ou privados.

O Sistema Único de Saúde (SUS) também passou a oferecer tratamento gratuito para fumantes. Para isso, a população deve procurar postos de saúde ou a Secretaria de Saúde do município para ter informações sobre locais e horários de tratamento. Para outras informações também é possível consultar a Coordenação de Controle do Tabagismo na Secretaria Estadual de Saúde ou entrar em contato com o Disque Saúde 136. São ofertados gratuitamente adesivos, pastilhas e gomas de mascar (terapias de reposição de nicotina) e medicamentos como bupropiona.

Psiquiatra especialista em dependência química pela Universidade de Harvard, EUA, Jorge Jaber concorda e também elogia o trabalho de seguidos governos do país no combate ao tabagismo.

- Esta redução é fruto de um trabalho de prevenção e combate ao tabagismo do Ministério da Saúde ao longo de décadas, por vários governos - destaca. - Estratégias como a aprovação de leis que restringiram os locais de uso demonstram que quando este trabalho na saúde pública é bem feito, ele funciona.

Segundo Jaber, há também fortes fatores culturais e sociais neste processo, com as pessoas que deixam de fumar, seja em razão das campanhas e ações do governo ou por vontade própria, reforçando a luta contra o tabagismo.

- Muitas destas pessoas têm tamanho encantamento por descobrirem que não são mais prisioneiras deste vício que acabam influenciando outros adultos, crianças e adolescentes contra o fumo - considera. - É por isso que hoje é mais difícil ver jovens consumindo cigarros, mesmo sendo eles atualmente os principais alvos dos esforços de marketing da indústria do tabaco. Além disso, o tabaco se instalou em nossa sociedade muito pela mão da indústria cultural. Antigamente, os heróis do cinema fumavam e o cigarro era um símbolo de virilidade. Hoje nos filmes, no entanto, são os vilões que fumam.

CAMPANHA MUNDIAL TEM FOCO NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

O Dia Mundial sem Tabaco foi instituído pelos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é celebrado no dia 31 de maio. Anualmente, a OMS elege um tema para uma campanha mundial, que tem como objetivo chamar a atenção para a epidemia do tabaco e as mortes que acarreta. Em 2018, o tema é “Tabaco e Doenças Cardiovasculares”. O slogan adotado pelo Inca e pelo Ministério da Saúde é “Com o coração não se brinca. Faça a melhor escolha para sua vida: não fume!”.