Medicina
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Por AFP

A China vive um enorme surto de Covid-19, depois de encerrar as rígidas restrições sanitárias aplicadas durante os três anos de pandemia. Nesse contexto, cada vez mais países se preocupam com a falta de informação e de transparência sobre a situação real. A seguir, as razões para a preocupação global.

Dados incompletos e pouco confiáveis

Pequim admitiu que a escala do surto é "impossível" de rastrear depois que os testes obrigatórios terminaram em dezembro. A Comissão Nacional de Saúde parou de publicar diariamente o balanço nacional de infecções e mortes pelo vírus.

Essa responsabilidade foi transferida para o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CCPE), que fornece números uma vez por mês, depois que a China modificou seu protocolo, em 8 de janeiro.

Oficialmente, a China registrou apenas 15 mortes por Covid-19 desde que começou a suspender as restrições, em 7 de dezembro, e que alterou os critérios para determinar se uma morte foi causada pelo coronavírus. Isso levantou preocupações de que a onda pandêmica não esteja refletida adequadamente nas estatísticas oficiais.

Na semana passada, as autoridades admitiram que a quantidade de informação recolhida é "muito menor" do que quando os testes de PCR eram obrigatórios. Yin Wenwu, do CCPE, disse que as autoridades coletam dados de hospitais e governos locais, bem como chamadas de emergência e vendas de remédios para febre.

Algumas autoridades locais e regionais começaram a compartilhar números diários de infecções em dezembro, mas a escala do surto ainda não está clara. Na província costeira de Zhejiang, a estimariva é de um milhão de infectados por semana.

As cidades de Quzhou e Zhoushan disseram que pelo menos 30% da população contraiu o vírus. A cidade de Qingdao, no leste, também estimou em cerca de 500 mil as infecções por dia, e o centro industrial de Dongguan, no sul, projeta até 300 mil por dia.

Hospitais e crematórios enfrentam um aumento no número de pacientes e cadáveres, especialmente nas áreas rurais. Mas Wu Zunyou assegurou na última quinta-feira (29) que o pico de infecções já passou nas cidades de Pequim, Chengdu e Tianjin, enquanto a província de Guangdong, a mais populosa do país, declarou o mesmo no domingo.

Entretanto, o principal especialista em doenças infecciosas de Xangai, Zhang Wenhong, declarou à imprensa estatal que a cidade teria entrado em seu período de pico em 22 de dezembro, com cerca de 10 milhões de pessoas infectadas. Anotações vazadas de uma reunião de autoridades sanitárias em dezembro revelaram que elas acreditam que 250 milhões de pessoas foram infectadas na China nos primeiros 20 dias de dezembro.

Modelos independentes de infecções traçam um quadro preocupante. Pesquisadores da Universidade de Hong Kong calcularam que até um milhão de chineses poderia morrer neste inverno (verão no Brasil). A empresa de análise de riscos sanitários Airfinity projetou 11.000 mortes e 1,8 milhão de infecções por dia, com um total de 1,7 milhão de óbitos até o final de abril.

Vários países, como Estados Unidos, Austrália e Canadá, anunciaram a obrigatoriedade de teste para os visitantes que chegam da China, dada a falta de transparência.

Novas variantes

Muitos países citaram preocupações sobre possíveis novas variantes como motivo para testar os que chegam da China. Mas ainda não há evidências de novas cepas que tenham surgido da atual onda de infecções.

Xu Wenbo, do CCPE, disse que a China está criando um banco de dados genético com amostras obtidas de hospitais que permitiriam rastrear mutações. Especialistas chineses apontaram as subvariantes BA.5.2 e BF.7 da Ômicron como as mais comuns em Pequim, em meio a temores públicos de que a variante Delta, mais letal, ainda esteja em circulação.

Em muitos países ocidentais, essas variantes foram superadas pelas subvariantes XBB e BQ, mais transmissíveis, que ainda não são dominantes na China.

Pequim enviou 384 amostras de ômicrons ao banco de dados global GISAID, de acordo com seu site. Mas o total de entradas chinesas nesse banco de dados, 1.308, é menor do que o de outros países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Camboja e Senegal.

As amostras chinesas recentes "se assemelham a variantes conhecidas que circulam globalmente", informou o GISAID na sexta-feira (30).

O virologista Jin Dong-yan, da Universidade de Hong Kong, comentou em um podcast recente que as pessoas não precisam temer variantes mais mortais na China.

— Muitos lugares ao redor do mundo experimentaram (infecções em larga escala), mas nenhuma variante mais mortal, ou patogênica, surgiu. Não estou dizendo que o surgimento de uma variante (mais mortal) é impossível, mas sim que a possibilidade é muito baixa — disse Dong-yan.

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