Medicina
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Por O GLOBO — São Paulo

Uma nova pesquisa mostrou que pessoas sem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) que usam medicamentos comumente prescritos para a condição com o intuito de melhorar o foco podem, na verdade, ter efeito contrário. De acordo com o trabalho, publicado recentemente na revista científica Science Advances, o uso sem necessidades desses medicamentos foi associado a queda no desempenho e na produtividade.

“Nossa pesquisa mostra que as drogas que devem melhorar o desempenho cognitivo em pacientes podem, na verdade, estar levando usuários saudáveis ​​a trabalhar mais, enquanto produzem uma qualidade inferior de trabalho em um período de tempo mais longo”, disse Elizabeth Bowman, pesquisadora do Centro de Cérebro, Mente e Mercados da Universidade de Melbourne e principal autora do estudo.

Pesquisadores das universidades de Cambridge, no Reino Unido, e de Melbourne, na Austrália, realizaram quatro ensaios randomizados duplo-cegos, com uma semana de intervalo entre eles, com 40 pessoas saudáveis. Por uma semana, os participantes ​​tomaram medicamentos popularmente conhecidos como "smart drugs" ou “drogas inteligentes” (em tradução livre) ou um placebo.

Os remédios avaliados no estudo foram: metilfenidato (princípio ativo da Ritalina), modafinil (princípio ativo do Stavigile) e dextroanfetamina. Eles são indicados para o tratamento de TDAH, mas também são usados por pessoas sem diagnóstico, na crença de que isso irá aumentar o foco e o desempenho cognitivo.

No experimento, os pesquisadores avaliaram como os voluntários se saíram em testes projetados para modelar tomadas complexas de decisões e resolução de problemas presentes na vida cotidiana. Por exemplo, os participantes precisaram completar um exercício conhecido como Problema de Otimização da Mochila - ou "tarefa da mochila". Eles receberam uma mochila virtual com uma capacidade definida e uma seleção de itens de diferentes pesos e valores. Em seguida, precisavam descobrir a melhor maneira de alocar os itens na sacola, para maximizar o valor geral de seu conteúdo.

Os resultados mostraram que, em geral, os participantes que tomaram esses intensificadores cognitivos tiveram pequenas reduções na precisão e eficiência, juntamente com grandes aumentos no tempo e esforço, em relação aos seus resultados quando não estavam sob o efeito dos medicamentos.

"Nossos resultados sugerem que essas drogas não o tornam realmente 'mais inteligente'", disse o professor Peter Bossaerts, da Universidade de Cambridge, em comunicado.

Por exemplo, o uso do metilfenidato aumentou em 50% o tempo médio para completar o problema da mochila do que quando receberam um placebo. Além disso, os participantes que tiveram um desempenho acima da média sem o uso de medicamentos, apresentaram uma queda maior no desempenho e na produtividade após receberem uma das substâncias.

Em termos de produtividade, os participantes com melhor desempenho sob o placebo, apresentaram pior performance sob o metilfenidato. Por outro lado, aqueles que tiveram um desempenho inferior em uma condição de placebo, ocasionalmente apresentaram uma leve melhora após tomar um dos medicamentos.

"Por causa da dopamina que as drogas induzem, esperávamos ver um aumento na motivação, e elas motivam a pessoa a se esforçar mais", disse Bossaerts. “O desempenho geralmente não aumentou, então ainda restam dúvidas sobre como as drogas estão afetando a mente das pessoas e sua tomada de decisão”, completou.

Para os autores, são necessárias mais pesquisas para descobrir quais são os efeitos desses medicamentos em pessoas sem TDAH.

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