Câncer de fígado: refrigerante está associado ao aumento de 85% no risco da doença, diz estudo de Harvard

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"Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a relatar uma associação entre a ingestão de bebidas adoçadas com açúcar e a mortalidade por doenças crônicas do fígado", disse o primeiro autor Longgang Zhao, da Brigham's Channing Division of Network Medicine, em comunicado.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores do Brigham and Women's Hospital, ligado à Universidade Harvard, analisaram dados de quase 100 mil mulheres na pós-menopausa. As participantes relataram com que frequência consumiam refrigerantes açucarados e sucos de frutas industrializados em uma escala de “nunca ou menos de uma vez por mês” a “6 ou mais por dia”.

Aproximadamente 7% das mulheres no estudo bebiam bebidas açucaradas diariamente e mais de 13% consumiram bebidas adoçadas artificialmente todos os dias.

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Os pesquisadores também analisaram o número de mulheres que foram diagnosticadas com câncer de fígado ou morreram de doença hepática crônica durante um período de estudo de, em média, quase 21 anos.

Os resultados mostraram que os 6,8% das mulheres que consumiram uma ou mais bebidas açucaradas diariamente tiveram um risco 85% maior de câncer de fígado e 68% maior de mortalidade por doença hepática crônica, em comparação com aquelas que ingeriram menos de três bebidas açucaradas por mês.

As participantes que beberam bebidas adoçadas artificialmente não apresentaram risco significativo de problemas hepáticos. Como esse foi apenas um estudo observacional, mais pesquisas são necessárias para validar essa associação de risco.

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"Se nossas descobertas forem confirmadas, a redução do consumo de bebidas açucaradas pode servir como uma estratégia de saúde pública para reduzir a carga de doenças hepáticas", acrescentou Zhao.

Ainda não se sabe por que o consumo de bebidas açucaradas prejudica o fígado. Uma das hipóteses é que o alto consumo dessas bebidas eleva a glicose no sangue e a resistência à insulina. Esses fatores estão intimamente ligados ao risco aumentado de câncer de fígado e doenças hepáticas.

Apesar de algumas limitações, os autores ressaltam que o ideal é consumir bebidas açucaradas com moderação.

De acordo com o cirurgião de fígado e pâncreas, Ben-Hur Ferraz Neto, livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP), o fígado é um órgão traiçoeiro porque não causa sintoma.

— Quando os sintomas do câncer aparecerem, já esta em uma fase mais tardia da doença — disse em entrevista ao GLOBO sobre o assunto.

A doença hepática crônica, ou cirrose, é uma doença hepática de longo prazo que ocorre quando o tecido cicatricial substitui o tecido saudável do fígado. Isso impede o funcionamento adequado do órgão.

A cirrose pode ser causada por hepatite e outros vírus, abuso de álcool, esteatose hepática, distúrbios autoimunes, uso de medicamentos, exposição a produtos químicos tóxicos, infecções por parasitas, entre outros.

O câncer de fígado é considerado um dos mais letais, com menos de 40% sobrevivendo por mais de cinco anos. A doença pode ser primária ou secundária. O câncer de fígado primário é aquele que começa no próprio órgão.O tipo mais comum é o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular. Ele é considerado agressivo (de rápida evolução) e ocorre em mais de 80% dos casos.

Já o secundário ou metastático é o tumor que começa em outro órgão e, com a evolução da doença, acaba atingindo o fígado também.

De acordo com o Inca, os principais sintomas do câncer de fígado são: