SÃO PAULO — Depois de um final de semana de bares lotados após o fim da quarentena , a prefeitura de São Paulo anunciou que vai exigir um “passaporte da vacina” da população para entrada em bares, restaurantes, shoppings e eventos. O documento será emitido por um aplicativo, chamado "e-Saúde".
— O conceito principal é que os estabelecimentos só vão poder aceitar pessoas que estejam com vacina. Esse é o passaporte. Se o estabelecimento estiver com pessoas sem vacina, e isso for observado pela Vigilância Sanitária, ele sofrerá multa. Então vamos oferecer um mecanismo para que esses locais identifiquem quem tem vacina. Vamos fornecer o sistema para que ele baixe na plataforma e-Saúde e faça a leitura do QR Code — disse o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, em entrevista coletiva.
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Segundo a prefeitura, os moradores da capital deverão baixar o aplicativo, efetuar o cadastro e emitir um QR Code. A leitura do código vai permitir saber se a pessoa foi vacinada. Caso negativo, ela deve ser barrada pelos estabelecimentos.
A fiscalização ficará por conta da Vigilância Sanitária. Em caso de flagrante, a pessoa sem vacina pode ser multada. Os valores ainda não foram divulgados.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, os detalhes ainda estão em definição pela área técnica, assim como a data de lançamento do aplicativo e de início de exigência do comprovante.
— A gente deve definir os protocolos para participação em eventos e um desses elementos importantes é a condição da pessoa estar vacinada, e isso precisa ser confirmado — afirma o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.
Caso a pessoa não tenha acesso à plataforma e-Saúde, deverá apresentar o cartão físico de vacinação.
A ideia é que o aplicativo seja também um lembrete para que as pessoas tomem a segunda dose. Ele reunirá dados de saúde, histórico clínico do cidadão e informações sobre o calendário de imunização. Segundo a prefeitura de São Paulo, 211 mil pessoas estão com a segunda dose atrasada e não completaram seu esquema vacinal.
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Bares e restaurantes reagem
A notícia não foi bem recebida por bares e restaurantes, que questionam a viabilidade da exigência do "passaporte da vacina". Representantes do setor apontam receios com a logística para a exigência do comprovante e levantam dúvidas sobre a própria eficácia do aplicativo.
Para eles, a checagem da imunização pode acabar gerando mais filas e aglomerações em bares e restaurantes, além de limitar o público que poderia frequentar os estabelecimentos.
— A única ressalva e preocupação que o setor tem é com a funcionalidade desse aplicativo, para que não seja um impeditivo ou obstáculo para a frequência dos seus usuários, clientes e também dos próprios estabelecimentos, preocupados com o manuseio e a utilização desse aplicativo — diz Rodrigo Goulart, diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em São Paulo.
A associação afirma aguardar mais informações sobre o funcionamento da ferramenta.
Preocupação com a variante Delta
As ações de reabertura e revogação da quarentena ocorrem em um cenário que preocupa especialmente pelo avanço da variante Delta no país. Desde o dia 17 deste mês, comércios e serviços podem operar sem restrições de horário e ocupação em todo o estado de São Paulo. A retomada total é criticada por especialistas, que reforçam que a pandemia ainda não acabou.
O estado registra ao menos 4.214.553 casos de Covid e 144.243 óbitos em decorrência da doença.
Nesta segunda (23), a capital paulista começou a vacinação de jovens de 12 a 15 anos com deficiência permanente ou comorbidades, além de gestantes e puérperas dessa faixa etária. São esperadas 92.868 mil pessoas nesse grupo.