Saúde
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Por Eduardo F. Filho — São Paulo

Quando estreou em 16 de janeiro, O Big Brother Brasil se transformou na temporada de maior número de profissionais de saúde participando do programa. Mas prestes a completar dois meses nesta semana, a edição se consagra como a pior em questão de higiene, graças à postura dos integrantes. E os riscos de infecção sanitária aumentam a cada dia.

O primeiro exemplo ocorreu logo no início do reality quando imagens do banheiro imundo do programa tomaram a internet. Dentro do box o chão já estava preto. Internautas escreveram nas redes sociais que eles “estavam criando fungos” ali dentro. Depois disso, os participantes até limparam o cômodo, porém, na última semana, durante uma briga entre o lutador Cara de Sapato e o biomédico Ricardo, uma parte do banheiro foi filmada rapidamente, mostrando que o lugar precisa de uma nova limpeza urgente.

— O banheiro tem um acúmulo maior de fungos e bactérias, pois é o lugar onde realizamos nossa higiene pessoal. Não sabemos se eles urinam dentro do box, por exemplo, então é importante fazer uma limpeza pesada, completa, pelo menos umas três vezes na semana, ainda mais levando em conta que são mais de 10 pessoas que compartilham o chuveiro — diz Gabriela Castro, microbiologista da Richet Medicina & Diagnóstico.

Segundo um estudo realizado pelo Centro de Higiene e Saúde em Casa e Comunidade, do Simmons College, em Boston, nos Estados Unidos, há mais bactérias que causam infecções na pele em uma banheira do que em uma lata de lixo — foram encontrados 25% de bactérias como essas no espaço do banho, em comparação a 5% identificado na lata de dejetos.

Escova de dentes

Em outro momento, a profissional de educação física Larissa Santos se irritou com a situação caótica do banheiro e resolveu fazer uma faxina no local. Ela jogou no lixo 32 escovas de dentes. Detalhe: já havia passado seis semanas do início do programa, ou seja, dos 22 jogadores que iniciaram na casa, apenas 16 permaneciam no reality.

“Passamos do ponto. Passamos do limite. Tinha escova de dente da Marília (primeira participante eliminada) aqui, provavelmente”, disse ela.

Dentistas recomendam que uma pessoa troque a escova de dente a cada três meses — ou seja, o tempo de duração do programa. Apenas uma por cada brother seria suficiente. Entretanto, se pensar que, em uma outra ocasião, o fisioterapeuta Fred Nicácio estava usando-as para pentear as sobrancelhas do ator Gabriel Santana, talvez fosse realmente necessário trocar mais cedo a escova.

Outro detalhe importante: a escova não era dele, mas sim do jornalista e influenciador Fred, que continuou usando o objeto para limpar seus dentes sem saber de nada.

— São tantas escovas que às vezes eles próprios não tem controle de quem está usando, mas ela é usada para higiene bucal e pessoal. Não deve ser utilizada para pentear a sobrancelha ou a parte da frente do cabelo. Ela também não pode ficar em cima da bancada sem proteção. É recomendado que as escovas tenham uma capinha de proteção para as cerdas principalmente para evitar a contaminação de fungos e bactérias presentes no banheiro — explica Castro.

A escova do Fred, por exemplo, estava em cima da bancada e sem proteção.

Máquina de depilação

Outro produto de higiene pessoal e intransferível é a máquina de fazer a barba. Entretanto, em uma casa com 22 pessoas, obviamente não tem como dar uma para cada. Por isso, a produção do programa conta e acredita que cada um dos participantes ali dentro tenha bom senso e um pouco de higiene para, após o uso, lavar o aparelho. Mas não é o que acontece. Eles usam para fazer a barba, tirar o excesso das sobrancelhas, aparar a lombar e, pior, cortam os pelos íntimos. Tudo isso, sem limpar o aparelho e compartilhando com os outros membros da casa.

— Existem parasitas no cabelo como o piolho e o chato nas regiões íntimas (este último geralmente transmitido por contato íntimo), que podem estar em pentes, escovas e máquinas de cortar cabelo. Além disso, existe a flora bacteriana de cada região que é diferente para cada pessoa. Usar a mesma máquina em diferentes regiões do corpo e compartilhar com outros participantes pode aumentar o risco de infecções — afirma Patricia Ormiga, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro.

A questão é diferente, e ainda mais grave, se o objeto usado para tirar pelos for uma lâmina, pois há um aumento de chances de ocorrerem cortes na pele e sangramento. O compartilhamento desse material com outras pessoas pode causar doenças mais graves, como hepatites.

— O uso dessas máquinas de cortar pelos não deve ser compartilhado. Sempre há riscos de algum trauma, corte com sangue, podendo gerar alguma infecção ou contaminação de doenças. É indicado apenas o uso pessoal desses aparelhos — diz Violeta Tortelly, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro.

Larva na alface

Toda vez que os “brothers” fazem o mercado na semana, os produtos chegam embalados em sacos plásticos, semelhante a uma entrega de supermercado normal. Em época de pandemia, a produção do programa ainda higieniza, passa álcool em gel e esteriliza a sacola, porém, a lavagem das frutas, verduras e legumes, ao usar para consumo, é de responsabilidade dos participantes. Bem como a limpeza da cozinha e da louça.

No começo deste mês, porém, Cara de sapato, enquanto almoçava, encontrou larvas na alface, o que o fez cuspir toda a verdura e comida no prato. Bruna Griphao e Amanda que estavam ao lado do lutador e o acompanhavam na comida fizeram o mesmo gesto. A atriz disse ainda que chegou a comer uma sem perceber.

Especialistas afirmam que é importante lavar muito bem verduras e legumes antes de consumir. A alface, principalmente, deve ser higienizada folha por folha, levar para baixo da água corrente e, se preciso, sanitizar em hipoclorito de sódio (com a proporção de 1 colher de sopa para 1 litro de água) para eliminar as sujeiras e microrganismos existentes.

— É improvável que os participantes tenham uma infecção generalizada, graças à organização do programa, eles são observados diariamente por uma equipe médica. Eles possuem médicos, psiquiatras, psicólogos e outros profissionais a disposição deles. Eles estão bem amparados. Porém, estão suscetíveis e com alto risco, a depender desses problemas de higiene, a ter uma gastroenterite, com vômito e diarreia — diz Castro.

A falta de higiene não acaba por aí. Já teve participante arrancando as unhas dos pés com a boca, “sister” dormindo com o pé imundo e reclamações de mal cheiro porque nem todos tomam banho diariamente e nem lavam o cabelo. A intensivista Amanda Meirelles, que é da área de saúde, disse que não lava o cabelo diariamente porque tem uma dermatite e o couro cabeludo muito sensível.

Dermatologistas afirmam que lavar ou não o cabelo todos os dias não precisa gerar riscos dependendo do modo como é feito e do tipo de cabelo. Cabelos oleosos, por exemplo, precisam de mais atenção na lavagem do que os cabelos secos, como os cacheados ou crespos, que devem ser tratados com menos lavagens e mais hidratação e umectação.

Para quem lava as madeixas todos os dias, por exemplo, é recomendado que o faça debaixo de água morna ou fria, visto que na água quente os fios vão ficar ressecados e quebradiços. O ideal, segundo os especialistas, é não deixar o cabelo sem lavar por mais de cinco dias. Isso porque o couro cabeludo pode acumular resíduos e aumentar os riscos de inflamações, infecções e ao desequilíbrio da flora dessa região, podendo surgir dermatites, foliculite e indução de quedas.

Até o fechamento desta matéria na noite de terça-feira, 14, dos sete participantes ligados à área de saúde, apenas dois saíram (Fred Nicácio e Paula Freitas), e três estão no paredão (César Black, Larissa Santos e Ricardo Camargo) podendo dar adeus ao programa. Além deles, Amanda Meirelles e Sarah Aline, que também são da área, continuam na casa.

O BBB 23 tem previsão de acabar em meados de abril, ou seja, ainda tem um mês pela frente com grandes chances de novos riscos sanitários e higiênicos por parte dos participantes — mesmo que quase 40% da casa seja composta atualmente por profissionais da saúde.

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