Saúde
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Por Bernardo Yoneshigue — Rio de Janeiro

Nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde ampliou o público elegível para receber a dose bivalente da vacina contra a Covid-19 no Brasil. Antes, apenas determinados grupos de maior risco podiam atualizar a imunização. Agora, toda a população com mais de 18 anos está apta a buscar os postos de saúde.

Com a decisão, cerca de 97 milhões de brasileiros passam a fazer parte do público-alvo da vacina bivalente da Covid, levando o total de pessoas que podem se imunizar nessa etapa a aproximadamente 160 milhões.

Porém, com as atualizações da campanha devido à queda na imunidade e ao avanço de subvariantes da Ômicron, cepa prevalente hoje do coronavírus mundo, podem surgir muitas dúvidas em relação à vacinação no Brasil.

Abaixo, o GLOBO reúne as respostas das principais perguntas sobre a vacina da Covid-19 bivalente no país.

O que é a vacina bivalente da Covid?

As vacinas bivalentes da Covid-19 são versões adaptadas dos imunizantes originais que incluem informações sobre duas partes do coronavírus em sua formulação, uma da cepa original do vírus, identificada ainda em 2019, e outra da variante Ômicron, que é predominante hoje no mundo. O objetivo é ampliar a proteção contra a cepa atual.

Existem duas vacinas bivalentes que são aplicadas no mundo: a desenvolvida pela Pfizer/BioNTech e a pela Moderna. No entanto, apenas a da Pfizer tem o aval da Anvisa no Brasil e faz parte da campanha de imunização do país.

Já as doses originais, que foram aplicadas desde o fim de 2021, mas que contam apenas com a versão inicial do vírus, são chamadas de monovalentes.

— É importante receber a dose bivalente porque quanto mais o vírus muda, e mais variantes temos, maior é a perda da proteção das vacinas originais. Então termos uma dose atualizada para BA.4 e BA.5, que são subvariantes da Ômicron, consegue não só proteger contra elas, como chegar mais perto das cepas mais recentes que circulam entre nós. Além disso, o reforço é necessário porque ao longo do tempo, após cerca de seis meses, a proteção se perde — explica Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Quem pode receber a vacina bivalente da Covid no Brasil?

No final de fevereiro, a campanha com as doses bivalentes teve início para públicos específicos considerados de maior risco para evolução para quadros graves, como imunocomprometidos, pessoas com comorbidades e idosos acima de 60 anos. Os grupos totalizavam 63,4 milhões de brasileiros.

Agora, toda a população adulta, ou seja, acima de 18 anos, está apta para receber uma dose de reforço com a vacina bivalente da Covid, um acréscimo de 97 milhões de pessoas que amplia o total para cerca de 160 milhões de indivíduos elegíveis.

Quais os requisitos e qual o intervalo para receber a vacina bivalente?

Para receber a bivalente, são necessárias ao menos duas doses das vacinas originais, as monovalentes, que são consideradas o esquema primário de vacinação para a Covid-19. O reforço com a bivalente pode ser aplicado a partir de quatro meses da última dose, seja ela a segunda aplicação ou algum outro reforço (terceira ou quarta dose) realizado até então.

São necessárias ao menos duas doses das vacinas monovalentes para receber o novo reforço com a bivalente. — Foto: Informe técnico do Ministério da Saúde sobre a vacinação com as doses bivalentes da Covid-19 no Brasil.
São necessárias ao menos duas doses das vacinas monovalentes para receber o novo reforço com a bivalente. — Foto: Informe técnico do Ministério da Saúde sobre a vacinação com as doses bivalentes da Covid-19 no Brasil.

Pessoas com menos de 18 anos podem receber a dose bivalente?

alguns casos em que menores de 18 anos também podem receber o novo reforço com a dose bivalente. São eles:

  • Pacientes imunocomprometidos a partir de 12 anos;
  • Pessoas com deficiência a partir de 12 anos;
  • Pessoas com comorbidades a partir de 12 anos;
  • Adolescentes cumprindo medidas socioeducativas a partir de 12 anos;
  • Pessoas vivendo em Instituições de Longa Permanência (ILP) a partir de 12 anos;
  • Povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas a partir de 12 anos.

Tomei a dose única da Janssen, posso tomar a vacina bivalente?

Embora a vacina da Janssen tenha sido desenvolvida como dose única, após a constatação de uma queda na eficácia com o tempo e frente às novas variantes do novo coronavírus, o Ministério da Saúde estabeleceu que o esquema com o imunizante envolve uma dose a mais para garantir a proteção.

Com isso, a pasta destaca, em nota enviada ao GLOBO, que também são necessárias ao menos duas doses da vacina da Janssen para receber o novo reforço bivalente. Mas quem recebeu uma dose da Janssen e uma segunda de outra fabricante também está apto. O importante é ter ao menos duas aplicações das vacinas originais, seja o laboratório qual for.

"A orientação (das doses bivalentes) vale para quem já recebeu, pelo menos, duas doses de vacinas monovalentes (Coronavac, Astrazeneca, Pfizer ou Janssen) como esquema primário ou como dose de reforço", diz o ministério.

Não tomei a 3ª ou a 4ª dose, posso receber a bivalente?

O Ministério estabelece a necessidade de ao menos duas doses da vacina original para receber o reforço com a bivalente. Portanto, a nova aplicação pode substituir a terceira dose, ou a quarta, para aqueles que estão atrasados com a imunização.

Posso receber a bivalente como uma 5ª dose?

Aqueles que seguiram as orientações do Ministério da Saúde, ou das secretarias estaduais e/ou municipais, e estão com o esquema vacinal das doses originais em dia podem, e devem, buscar o novo reforço com a bivalente.

A indicação da pasta diz apenas que o mínimo de doses necessárias para isso são duas, portanto aqueles que já estão com três doses, ou quatro, também estão aptos a receber a bivalente – o que representará, neste último caso, a quinta aplicação.

Tomei a bivalente como terceira dose, posso tomar outra depois como quarta?

Segundo o informe técnico do ministério, a aplicação da dose bivalente, por ora, encerra o esquema vacinal. Isso quer dizer que, aqueles que receberem o novo reforço não podem voltar ao posto depois para tomar uma outra bivalente, ainda que ele tenha sido apenas a terceira dose.

As regras podem mudar mediante decisão futura da pasta em relação ao cenário epidemiológico do Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, permitiu recentemente um segundo reforço com a dose bivalente para idosos e imunocomprometidos.

— É preciso manter as altas taxas de anticorpos que se perdem ao longo do tempo, então, seguindo esse raciocínio, uma segunda dose da bivalente para os grupos de maior risco é válida. O Brasil ainda está na primeira dose, e com uma adesão baixíssima, mas a tendência é que o país venha sim a recomendar um segundo reforço — avalia a diretora da SBIm.

Menores de 18 anos que não fazem parte dos grupos prioritários serão incluídos na campanha com a dose bivalente?

Por enquanto, o Ministério da Saúde indicou o reforço com a bivalente apenas para os grupos prioritários e para a população adulta. No entanto, o aval da Anvisa sobre as doses no Brasil é para todos acima de 12 anos.

Com isso, a pasta pode, se quiser, ampliar eventualmente a indicação das bivalentes para toda a população com 12 anos ou mais. Mas ainda não há previsão ou confirmação sobre inclusão dos adolescentes na campanha.

Outros países, como os Estados Unidos, aprovaram a bivalente também para bebês e crianças a partir de 6 meses, e indicam o novo reforço para idades mais baixas. No Brasil, a Anvisa avalia pedidos da Pfizer para estender a aprovação das doses bivalentes às crianças. Porém, mesmo que a agência dê o sinal verde, a incorporação do grupo na campanha ainda dependerá de decisão do Ministério.

Posso tomar a vacina bivalente da Covid e a vacina da gripe no mesmo dia?

Sim, é possível receber a vacina bivalente da Covid e a vacina da gripe na mesma ocasião.

A Covid ainda é grave no Brasil?

Com o avanço da vacinação, a gravidade da Covid-19 caiu drasticamente no Brasil e no mundo. Para fins de comparação, no pior momento da pandemia no país, em abril de 2021, chegaram a ser registradas mais de 21 mil mortes em apenas uma semana - cerca de 3 mil óbitos por dia. Já segundo a última atualização do Ministério da Saúde, na semana que foi do dia 9 ao dia 15 de abril deste ano foram contabilizadas 404 mortes, número mais de 50 vezes menor.

Ainda assim, isso representa uma média de 58 óbitos diários pela Covid-19 no Brasil, ritmo bem superior ao de outros vírus respiratórios, como a gripe. No ano passado, foram menos de 1,5 mil vítimas fatais associadas ao vírus Influenza, o que representa menos de 4 por dia.

Especialistas afirmam que a maioria das hospitalizações e mortes relacionadas hoje à Covid-19 são de pessoas dos grupos de maior risco e daqueles que não completaram o esquema vacinal.

— Nós vemos que a maioria das pessoas com doença grave ou não foram vacinadas ou não têm ao menos três doses. E quando olhamos para crianças, um grupo cuja cobertura ainda é baixíssima por conta de muita desinformação, vemos que a Covid-19 ainda mata. Causa mais mortes, por exemplo, do que a meningite meningocócica, que é uma doença tão temida pelos pais. Então, principalmente para grupos de risco e não vacinados, a Covid-19 ainda é sim uma doença grave — diz Isabella.

A cobertura com a vacina bivalente da Covid no Brasil está baixa?

De acordo com informações da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), atualizadas nesta segunda-feira e organizadas pelo Vacinômetro do Ministério da Saúde, o Brasil já aplicou 10.544.839 doses bivalentes desde o fim de fevereiro.

Considerando o público-alvo elegível até então, composto por 63.399.690 indivíduos dos grupos prioritários, apenas 16,6% dos brasileiros aptos receberam o novo reforço, que amplia a proteção contra a variante Ômicron.

O percentual reflete uma cobertura vacinal considerada baixa, uma vez que a meta preconizada pela pasta é alcançar 90% daqueles que podem se imunizar, bem acima da taxa atual.

Tem vacina bivalente para todo mundo no Brasil?

Como mostrou reportagem do GLOBO, o Ministério da Saúde dispõe de mais de 138 milhões de doses bivalentes contra a Covid-19 para a população em 2023. As unidades integram um acordo fechado com a Pfizer no final de 2022 e representam cerca de 86% do público elegível.

A pasta, porém, reforça que “não vai faltar” vacina, e novas remessas serão repassadas aos estados quando necessário. A preocupação do ministério é na realidade o ritmo lento de adesão dos brasileiros à atualização do esquema vacinal.

Mais recente Próxima Vacina bivalente: ministério da Saúde tem 27 milhões de doses asseguradas, mas adesão é lenta

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