Saúde
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Por O Globo — São Paulo

Tina Turner, cantora americana considerada a rainha do rock n' roll, morreu aos 83 anos na última quarta-feira, 24, de causa natural, em sua casa na Suíça. O termo é utilizado para uma morte que era esperada devido a doenças em pessoas mais velhas, sem que tenha ocorrido a influência de um fator externo.

A cantora sofria com estresse pós-traumático, já havia passado por um derrame, descobriu um câncer de intestino em 2016, tinha hipertensão arterial e insuficiência renal, que a fez precisar de um transplante de rim, porém a morte dela trouxe também o episódio que a artista escolheu a homeopatia ao invés de tomar remédios tradicionais, porque ela não teria se adaptado a eles.

O caso ocorreu em 2013 depois de ela ter sofrido um derrame. A cantora iniciou tratamento, mas convencida de que os remédios estavam lhe “fazendo mal”, consultou um homeopata francês, que substituiu os remédios tradicionais por preparados homeopáticos, e disse que a hipertensão era causada por “toxinas na água”.

— Além de abandonar o tratamento correto, a cantora mandou trocar o encanamento e “purificar” a água com “cristais energéticos”. Em 2017, os rins, sobrecarregados com a hipertensão descontrolada, começaram a falhar, e ela precisou de um transplante — escreveu Pasternak.

Mas o que diz a ciência?

A homeopatia perdeu status de medicina baseada em evidência em boa parte da comunidade médica por não ter demonstrado eficácia em testes clínicos.

Um levantamento coordenado pela Universidade Danúbio de Krems, na Áustria, que analisou um conjunto de estudos desenhados para avaliar a eficácia da homeopatia para diferentes problemas de saúde. Os cientistas analisaram os ensaios clínicos realizados entre 2000 e 2013, e constataram que 38% daqueles que foram registrados antes da execução não publicaram resultados depois, uma exigência ética padrão hoje. Entre os testes cujo resultado foi publicado, 53% não haviam sido registrados, outra omissão questionável.

Ao analisar os testes que foram tanto registrados quanto publicados, os pesquisadores notaram que um quarto deles alterou regras e critérios de avaliação dos pacientes ao longo do trabalho, os chamados "desfechos primários". Essa outra violação do padrão ouro da pesquisa clínica, dizem os cientistas, tem como objetivo prevenir a manipulação da apresentação de resultados.

Ao separar os estudos com boa metodologia daqueles com condutas questionáveis, por fim, os cientistas de Krems viram que os problemas se concentravam no lado dos estudos favoráveis à homeopatia.

"O registro de testes publicados foi infrequente, muitos testes registrados não foram publicados, os resultados primários foram com frequência trocados ou alterados", escrevem no estudo os cientistas, liderados pelo epidemiologista Gerald Gartlehner. "Isso provavelmente afeta a validade do corpo de evidência da literatura científica sobre homeopatia e deve superestimar o efeito real de tratamentos com remédios homeopáticos”.

Uma outra pesquisa conduzida pelo Center for Inquiry (CFI), associação sem fins lucrativos baseada nos EUA, mostrou que a maior parte das pessoas que consome produtos homeopáticos não sabe exatamente como são feitos, no que diferem de medicamentos convencionais e nem quais são os princípios da homeopatia.

A pesquisa mostrou que, quando os consumidores foram apresentados a estes dados, sentiram-se enganados e frustrados. Achavam que a homeopatia havia sido testada e aprovada pela FDA (agência regulatória de medicamentos e alimentos dos EUA), da mesma maneira que qualquer outro medicamento.

Base da homeopatia

A homeopatia caiu em desuso entre círculos médicos na maior parte do mundo não por se mostrar ineficaz, mas porque sua base científica carece de coerência, explicam Gartlehner e colegas. Essa prática se baseia por exemplo, em uma crença chamada "princípio da similaridade" segundo a qual a mesma coisa que causa uma doença é capaz de curá-la. Outro conceito no receituário homeopata é o da diluição infinita, segundo o qual essas substâncias ganham poder curativo quando são diluídas a frações ínfimas até sumirem do remédio preparado, deixando propriedades curativas na "memória da água".

Em muitos países, inclusive no Brasil, parte da comunidade científica pede que a homeopatia deixe de ser reconhecida como prática médica.

Outro famoso que se rendeu a homeopatia, mas acabou falecendo um tempo depois foi Steve Jobs, o fundador da Apple. Ele morreu em 2011 devido a um câncer de pâncreas. O biógrafo Walter Isaacson, quem escreveu o livro autorizado sobre o empresário, disse em entrevista que se ele não tivesse “perdido tempo na busca de cura pelo ‘pensamento mágico’, em vez de se submeter logo a uma cirurgia para extirpar a doença, ele ainda estaria vivo”.

Jobs só resolveu em 2004 pela cirurgia nove meses depois de o câncer raro ter sido diagnosticado. Mas já era tarde, o cirurgião havia falado que o tumor já tinha se espalhado pelo corpo.

Quando soube que estava com câncer, disse Isaacons, Jobs descartou a medicina tradicional e recorreu a espiritualistas. Como a doença não se deteve, ele experimentou acupuntura, sucos e dietas macrobióticas, mantendo-se longe da cirurgia. Ele se tornou budista e a cultura zen passou a permear seu estilo de vida e suas decisões, inclusive as profissionais.

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