Uma nova droga contra câncer de pulmão reduziu pela metade o risco de morte ao longo de cinco anos para pacientes que passaram por cirurgias de remoção de tumor. Cientistas da Universidade Yale revelaram neste domingo que o fármaco osimertinib permitiu sobrevida a 88% dos voluntários que receberam o fármaco em um ensaio clínico, contra 78% que receberam placebo.
O anúncio foi feito por cientistas da Universidade Yale no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), em Chicago. A droga se aplica a pacientes com um tipo específico de câncer pulmonar, relacionado a mutações no gene EGFR, que representam cerca de um quarto dos diagnósticos. Os voluntários recrutados para o teste foram submetidos a cirurgia em fases relativamente precoces do câncer (estágios 1B, 2, e 3A).
Esse foi o segundo resultado positivo anunciado para a droga. Anteriormente, os cientistas já haviam reportado que ela ajudava a frear a remissão de tumores da classe dos carcinomas de pulmão de células não pequenas, que representam 85% do total.
"Este foi o primeiro estudo global de fase 3 a demonstrar com significância estatística um benefício da sobrevida livre de doença e da sobrevida geral com o tratamento dirigido aos pacientes com mutação no EGFR em estágios de 1B a 3A", escreveram os pesquisadores em um resumo divulgado no congresso.
Segundo Roy Herbst, médico que liderou o ensaio clínico, a droga se qualifica a ser adotada como tratamento padrão depois dos resultados do estudo.
"Esses dados realçam que o tratamento adjuvante com osimertinib proporciona aos pacientes a melhor chance possível de sobrevida a longo prazo", disse o pesquisador em comunicado à imprensa.
— A droga demonstrou um benefício sem precedentes, altamente significativo estatisticamente e clinicamente em pacientes em estágio 1B–3A — afirmou o oncologista William Nassib William Jr, líder da especialidade de tumores torácicos do Grupo Oncoclínicas, que esteve na conferência.
A multinacional AstraZeneca, que desenvolveu a droga e já a distribui com o nome comercial Tagrisso, também publicou um pronunciamento.
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"Esses resultados enfatizam a importância de diagnosticar cedo os pacientes com câncer de pulmão, testá-los para mutações no EGFR, e tratar aqueles que a possuem", disse Susan Gailbraith, vice-presidente da empresa para a área de pesquisa em oncologia.
O teste que indicou a eficácia da droga foi feito com 682 pacientes em 26 países diferentes. Os pesquisadores prosseguem analisando os dados do ensaio clínico e devem divulgar dentro de alguns meses informações sobra a capacidade da droga de bloquear a ação de tumores residuais.
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